O ditador facista italiano Benito Mussolini teve uma breve carreira de espião a soldo dos serviços de inteligência britânicos, que pagavam a ele o equivalente a 6.400 euros por semana, anunciou na quarta-feira o jornal The Guardian. Em 1917, então um jornalista de 34 anos, Mussolini foi recrutado pelo MI5 para fazer campanha em favor da manuntenção da Itália ao lado dos aliados durante a 1ª Guerra Mundial, segundo o jornal que cita Peter Martland, um historiador que trabalha na universidade inglesa de Cambridge.
“O aliado menos confiável do Reino Unido durante a guerra nesta época era a Itália, após a retirada do conflito da Rússia revolucionária”, explicou Martland. “Mussolini recebia 100 libras por semana a partir de outubro de 1917 e durante no mínimo um ano para manter a campanha a favor da guerra”, ou seja, o equivalente a aproximadamente 6.400 euros actualmente, continuou.
Os pagamentos foram autorizados por Sir Samuel Hoare, deputado britânico e representante do MI5 em Roma, que mencionou em suas memórias em 1954 o recrutamento pelos serviços britânicos do futuro Duce. Além da publicação de artigos em favor da guerra em seu jornal “Il popolo d’Italia”, Mussolini também teria garantido a seu recrutador que estava disposto a enviar veteranos italianos para esmagar manifestantes pacifistas.
“Era muito dinheiro para dar a um jornalista na época mas, em comparação com os 4 milhões de libras que o Reino Unido gastava diariamente na guerra, isto representava uma gota d’água”, destacou o Martland. “Não tenho nenhuma prova disso, mas acredito que Mussolini, conhecido por sua inclinação pelas mulheres, tenha gastado boa parte do dinheiro com amantes”, acrescentou.