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Bashir viaja a Darfur após expulsão de ONGs internacionais

Bashir viaja a Darfur após expulsão de ONGs internacionais

Quatro dias depois da emissão de uma ordem de prisão da Corte Penal Internacional (CPI) contra Omar al Bashir, o presidente do Sudão viajou este domingo a Darfur, de onde, como resposta, expulsou mais de uma dezena de ONGs e ameaçou fazer o mesmo com as forças de paz da ONU e diplomatas.

Omar al Bashir chegou pela manhã ao aeroporto de El Facher, capital história de Darfur, seguindo diretamente para o centro da cidade, onde saudou a multidão de um jipe.

“Tenho um recado para todas as missões diplomáticas presentes no Sudão, às organizações não governamentais e aos capacetes azuis. Devem respeitar as leis locais, senão serão expulsos imediatamente”, declarou o presidente sudanês.

Milhares de simpatizantes exibiam fotos e gritavam o nome do governante, agitando bandeiras sudanesas e xingando os Estados Unidos e o promotor da CPI, Luis Moreno-Ocampo.

Bashir, de 65 anos, tenta conquistar o apoio da população em sua disputa contra a justiça internacional, a qual acusa de ser um instrumento do “neocolonialismo” ocidental.

No dia 4 de março, a CPI lançou uma ordem de prisão contra o presidente sudanês por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos em Darfur.

Bashir, no entanto, respondeu com a expulsão de 13 das organizações não governamentais mais activas de Darfur, onde a guerra civil já deixou pelo menos 2,7 milhões de refugiados e 300.000 mortos desde 2003, segundo dados das Nações Unidas.

Para o governo, porém, foram apenas 10.000 mortos. Os Estados Unidos e outros países pediram na quinta-feira ao Sudão que voltasse atrás em sua decisão – também intensamente criticada pela ONU e pela União Européia -, mas uma autoridade sudanesa, citada pela agência Suna, disse que a disposição de Cartum é “irreversível”.

“As ONGs expulsas são ladras. Ficam com 99% dos fundos e só entregam 1% para a população de Darfur”, acusou Bashir no sábado, durante um discurso na capital sudanesa.

A ONU estima que a expulsão das ONGs deixe um milhão de pessoas em Darfur sem comida, água potável ou assistência médica, e teme um deslocamento maciço de refugiados na área, o que aumentaria ainda mais a exposição da população civil aos combates entre rebeldes e soldados sudaneses.

Cerca de 85 ONGs internacionais atuam em Darfur, mas as 13 expulsas pelo governo “representam mais da metade da capacidade de operações humanitárias”, destacaram no sábado as agências da ONU no Sudão. Várias delas faziam parte de programas de agências das Nações Unidas, como a americana Care, que distribui uma parte significativa das provisões enviadas a Darfur pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA).

“Expulsar estas organizações é como atacar a própria ONU”, afirmou à AFP o membro de uma ONG, que pediu o anonimato.

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