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Ataque contra quartel britânico no Ulster reaviva temor sobre processo de paz

O ataque perpetrado na noite de sábado por homens armados contra um quartel do exército britânico na Irlanda do Norte, no qual morreram dois soldados, fez reviver neste domingo o temor de que a violência volte ao país e desestabilize um processo de paz, que avança lenta porém firmemente.

O ataque, que também deixou quatro feridos, um deles em estado crítico, aconteceu no quartel general do regimento de engenharia (Royal Engineers) em Massereene, condado de Antrim, na Irlanda do Norte, 25 quilômetros a noroeste de Belfast.

“O ataque aconteceu quando dois jovens, dois civis, entregavam pizzas no quartel de Massereene”, disse à imprensa o superintendente da polícia, Derek Williamson. Segundo a polícia irlandesa, o atentado foi cometido por três homens, dois armados com metralhadoras, e um terceiro, que dirigia o carro. Os homens abriram fogo de dentro do veículo quando os entregadores tinham acabado de chegar à base.

Williamson afirmou que se trata de “uma tentativa de assassinato em massa” de “terroristas”. O ministério da Defesa britânico confirmou que os dois mortos eram soldados, enquanto a polícia irlandesa indicou que dois dos quatro feridos são entregadores de pizza, e os outros dois, militares.

O ataque, condenado em uníssono pelas lideranças políticas do Ulster, do Reino Unido e da Irlanda, ainda não foi reivindicado. O primeiro-ministro britânico Gordon Brown declarou que o ataque não vai “tirar dos trilhos” o processo de paz na província.

“Nenhum assassino poderá tirar dos trilhos o processo de paz que conta com o respaldo da grande maioria da população da Irlanda do Norte”, afirmou Brown, em sua primeira reação ao ataque perpetrado na noite de sábado.

O primeiro-ministro do Ulster Peter Robinson classificou o episódio como “uma recordação terrível dos acontecimentos do passado”, mas garantindo que “não nos desviaremos da direção que a Irlanda do Norte tomou”.

Gerry Adams, líder do partido católico Sinn Fein, ex-braço político do IRA, também condenou o atentado neste domingo, afirmando que o tratou-se de “um ataque contra o processo de paz”. “O ataque da noite foi um ataque contra o processo de paz. Foi um erro e foi contraproducente”, afirmou Adams, um dos protagonistas do processo de paz, em um comunicado.

Trinta e seis horas antes do ataque, o chefe da polícia irlandesa, Hugh Orde, revelou que agentes especiais do exército britânico haviam sido mobilizados para monitorar republicanos dissidentes, que estariam planejando assassinar um oficial da polícia.

O atentado de sábado, o primero deste tipo no Ulster em vários anos, suscitou temores sobre a estabilidade do governo de união, que inclui membros das comunidades católica e protestante, que no passado mergulharam o país em uma sangrenta guerra civil que durou 30 anos e matou cerca de 3.000 pessoas.

A violência cessou quase que por completo após a assinatura do Acordo da Sexta-Feira Santa, em 1998. Em 2007, os protestantes da União Democrática, que defendem a permanência da Irlanda do Norte como província da Grã-Bretanha, e os católicos do Sinn Fein, que exigem sua integração à República da Irlanda, concordaram em formar um governo compartilhado.

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