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Aung San Suu Kyi volta à cena política em Mianmar

Mantida em prisão domiciliar pela junta militar birmanesa, a líder opositora e Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi começou semana passada um duplo diálogo, com os militares e com os países ocidentais, recuperando o activo papel político que havia perdido nos últimos meses. 

Apesar de confirmada sua sentença de mais 18 meses de prisão domiciliar, no dia 2 de Outubro, San Suu Kyi parece ter voltado a ocupar o posto de interlocutora das autoridades de Yangun, após uma intensa semana de negociações, que parece pôr fim à imobilidade forçada dos últimos meses. “Ela está activa politicamente. Tem um papel a desempenhar em Mianmar”, resume Win Min, militante da oposição e pesquisador da Universidade de Chiang Mai (Tailândia). San Suu Kyi se reuniu duas vezes com Aung Kyi, ministro do Trabalho, com quem não falava desde Janeiro de 2008.

Depois, discutiu sobre as sanções ocidentais com diplomatas americanos, australianos e europeus. “Estava totalmente envolvida, muito interessada em discutir cada detalhe dos temas que queria abordar e, como sempre, se mostrou muito eloquente”, declarou à BBC Andrew Heyn, embaixador da Grã-Bretanha que representou a União Europeia na reunião. Em uma carta dirigida ao general Than Shwe, chefe da junta militar, no fim de Setembro, Aung San Suu Kyi se propôs a intervir junto aos países ocidentais para ajudar a suspender as sanções que pesam sobre Mianmar. Surpreendentemente, ele aceitou. San Suu Kyi “quer desempenhar um papel importante nas relações entre a junta e os Estados Unidos.

E os militares podem estar dispostos a permiti isto até certo ponto”, estima o ex-diplomata britânico Derek Tonkin. Os militares prometeram organizar eleições no país em 2010, que seriam as primeiras desde 1950, quando a Liga Nacional Democrática (LND) de Suu Kyi saiu vencedora das urnas. A maioria dos observadores considera, no entanto, que um eventual pleito não passará de um simulacro. Apesar disso, acreditam que Than Shwe quer usar a líder opositora, a quem detesta, para melhorar um pouco sua imagem.

“Than Shwe toma todas as decisões sozinho”, diz Win Min. “Quer legitimidade para as eleições, e uma maneira de obter isto é conceder a Suu Kyi um pouco de liberdade”. Seja como for, Suu Kyi retoma suas actividades em uma atmosfera diferente, modificada pela decisão americana de discutir com a junta militar birmanesa. Nyan Win, porta-voz da LND, considera que ela pode desempenhar um papel cada vez mais importante.

“Sua reunião com os diplomatas é o início de seu papel político, já que as próprias sanções são um assunto político”, explica Nyan Win. “Aung San Suu Kyi tem direito a fazer política, e isto não está ligado ao fato de estar ou não em prisão domiciliar”.

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