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Atropelamentos na origem de 54 por cento dos óbitos

O número de mortes resultantes de atropelamentos nas estradas moçambicanas, ocorridos durante o primeiro Semestre de 2009, representa cerca de 54 por cento do total de óbitos dos acidentes de viação registados em igual período.

Esta informação foi anunciada Segunda-feira durante o Colóquio Nacional sobre Segurança Rodoviária, que tinha por objectivo identificar as causas e procurar soluções para reduzir o índice de acidentes de viação em Moçambique.

No encontro, que contou com a participação do Presidente Armando Guebuza e que decorreu sob o lema “Segurança Rodoviária – uma Prioridade Nacional”, a superintendente principal do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) e chefe de gestão de pessoal na mesma instituição, Justina Cumbe, disse que “durante o primeiro Semestre do corrente ano registou-se um total de 2.389 acidentes de viação contra 2.702 em igual período do ano passado.

O número de mortes registadas em consequência dos sinistros registados naquele período foi de 767 contra 713, respectivamente. Cumbe, que apresentou um relatório conjunto produzido pela PRM, Instituto Nacional de Viação (INAV) e Administração Nacional de Estradas (ANE), referente ao período 2005-2009, apontou, por outro lado, que no corrente ano registou-se um total de 412 mortos por acidentes de viação, cerca de 54 por cento, contra 383 no ano anterior.

Segundo o documento, não se regista uma variação significativa em 2008 e 2009, sendo para ambos os casos cerca de 54 por cento. Esta é uma das razões que levou o presidente do Automóvel e Touring Clube de Moçambique (ATCM), António Marques, um dos participantes no colóquio, a propor que sejam erguidas lombas junto das escolas como forma de reduzir o número de acidentes de viação. “Desde que foram colocadas lombas na avenida Vladimir Lenine, em frente da Escola 16 de Junho (em Maputo), o índice de atropelamentos reduziu em mais de 60 por cento”, disse Marques, como forma de justificar o seu argumento.

Prosseguindo, Cumbe disse que no corrente ano ocorreram 705 choques entre carros, contra 929 registados no ano passado. O número de óbitos por acidentes foi de 89 e 97, respectivamente. Apesar de ser a segunda causa dos acidentes de viação, o choque entre carros assume a terceira posição na causa dos óbitos. O despiste de viaturas assume a segunda posição na lista das principais causas dos óbitos, cujo saldo no primeiro Semestre do corrente ano foi de 299 contra 329 no ano anterior. Não obstante a redução do número de despistes no corrente ano, o número de óbitos subiu de 146 em 2008, para 168 em 2009.

Por isso, um dos presentes propôs uma reavaliação das estradas moçambicanas, explicando que as leis da Física são as mesmas quer estejamos em Moçambique ou num outro ponto do mundo. “O traçado das nossas estradas já está ultrapassado. Vemos nas nossas estradas muitas curvas apertadas, algo que já não encontramos na Europa e em muitos países desenvolvidos. Aliás, numa curva muito acentuada a força centrifuga é a mesma por exemplo na Inglaterra ou em Moçambique, razão pela qual temos que prestar mais atenção nessa área”.

A cidade de Maputo, de um total de 2.389 acidentes registados em todo o país no primeiro Semestre do acorrente ano, e’ a que regista o menor índice de mortalidade, comparativamente as restantes províncias moçambicanas. As estatísticas referentes ao ano de 2009 e 2008 referem que Maputo registou 50 e 59 óbitos, respectivamente. Enquanto isso, a província do Maputo registou, no mesmo período, 136 e 121 óbitos, respectivamente.

Em termos gerais, a excepção das províncias nortenhas de Cabo Delgado e Niassa, a cidade de Maputo é a que regista o menor número de óbitos, apesar de contabilizar o maior número de acidentes de viação e uma maior frota de veículos. Com relação a faixa etária, verifica-se que o grupo mais afectado é composto por indivíduos com idade compreendida entre os 18 e 52 anos.

Numa análise mais detalhada, conclui-se que o sub-grupo mais afectado é composto por indivíduos com uma idade compreendida entre os 25 e 38 anos. Neste sub-grupo, o número de vítimas do sexo masculino supera o das mulheres em mais de 100 por cento. Assim, no período compreendido entre 2007 e 2008 morreram 216 homens e 85 mulheres na faixa 18 a 24 anos. Este número dispara na faixa 25 a 38 anos, com 572 óbitos de homens e 146 mulheres, um número que baixa na faixa etária 39 a 52 anos, com 410 homens mortos e 112 mulheres.

Por isso, os acidentes de viação também são preocupantes pelo facto de afectarem o grupo populacional mais activo da sociedade. Cumbe aproveitou a ocasião para chamar a atenção as autoridades competentes sobre a necessidade de se prestarem os primeiros socorros aos feridos nos locais dos acidentes, como forma de reduzir os índices de mortalidade. “No contexto nacional, há que referir que desde 1996 a 2009 morreram 16.607 pessoas em consequência dos acidentes de viação. Acredita-se que a fatalidade não teria atingido este numero se existisse um sistema de pronto-socorro mais eficiente”, referiu.

Como forma de reduzir a mortalidade, o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS), El Hadi Benzerroug, recomendou, na sua intervenção, a introdução de medidas práticas e eficazes, cuja implementação poderá ser imediata, tais como o uso de cinto de segurança e de capacetes de protecção para ciclistas e motociclistas. Segundo Benzerroug, o uso do cinto de segurança pode reduzir o índice de mortalidade em cerca de 40 por cento, enquanto que o uso de cadeiras restritivas para crianças mais de 70 por cento.

Por outro lado, o uso de capacetes para motociclistas e ciclistas pode reduzir o risco de mortes em mais de 40 por cento, enquanto que o número de casos de traumatismos encéfalo-cranianos poderá reduzir em mais de 70 por cento. O evento, de um dia, também contou com a presença da ministra da justiça, Benvinda Levi, o Ministro do Interior, José Pacheco, oficiais superiores e membros das varias forças de lei e ordem em Moçambique, docentes e alunos da Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), membros das organizações da sociedade civil, entre outros convidados.

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