O fanático anti-islâmico norueguês Anders Behring Breivik, esta Quinta-feira, à Justiça que usou jogos de computador para preparar os seus ataques de 2011, depois de passar quase um ano inteiro isolado da sociedade para dedicar horas a fio a um videogame.
Breivik, julgado pela morte de 77 pessoas em 22 de Julho, disse que passou “muito tempo” a jogar Modern Warfare, jogo de tiro em primeira pessoa, e que dedicou também quase um ano a World of Warcraft, jogo de guerra para vários jogadores, com mais de 10 milhões de participantes on-line.
“Eu realmente não gosto desses jogos, mas é bom se querres simular para propósitos de treinamento”, disse Breivik, que sorriu ao descrever o sistema de mira de Modern Warfare.
Breivik matou oito pessoas com um carro-bomba no centro de Oslo, e depois assassinou a tiros outras 69, principalmente adolescentes, num acampamento do Partido Trabalhista numa ilha próxima à capital norueguesa.
Ele admitiu os assassinatos, mas declarou ser inocente e ter agido em legítima defesa, uma vez que para ele as vítimas eram traidores que ameaçavam a pureza étnica norueguesa ao apoiarem a imigração e o multi-culturalismo.
Breivik disse que no Réveillon de 2010 para 2011 passou 17 horas seguidas jogando Modern Warfare, e acrescentou que os jogos desse tipo serviam para simular a reacção policial ao atentado e a melhor estratégia de fuga.
“Calculei a probabilidade de sobreviver ileso em menos de 5 por cento”, afirmou ele ao tribunal no terceiro dia de depoimentos, referindo-se ao atentado a bomba entre prédios governamentais, quando ele esperava ser cercado por policiais.
“Treinei-me para sair dessa situação. Era isso que eu estava a simular.” Quando adquiriu as armas a serem usadas nos ataques, ele as baptizou com nomes da mitologia nórdica.
“O rifle eu chamei de Gungnir, que é o nome da lança mágica de Odin, que volta depois de a atirares. E a Glock eu chamei de Mjoelnir (…), era o martelo do Deus guerreiro Thor.” Ele usou runas (um arcaico alfabeto nórdico) para marcar os nomes nas armas.
Durante a preparação, ele foi viver com a mãe, para economizar, e dedicava muitas horas aos games de guerra, o que preocupava a mulher.
“É claro que eu não podia dizer a ela que estava a tirar um sabático porque ia explodir-me dentro de cinco anos (…). Era um sonho que eu tive, e eu queria realizar.” O julgamento de Breivik deve durar dez semanas.
A principal dúvida é se ele será considerado mentalmente apto para ser julgado e cumprir a pena. Breivik disse que ser considerado inimputável seria uma humilhação “pior que a morte”.
Uma junta de psiquiatras nomeada pelo tribunal considerou-lhe insano, mas outra considerou-lhe apto.
Quarta-feira, Breivik disse que deveria ser absolvido ou executado, e que a possibilidade de cumprir pena de prisão é “patética”.
Durante o julgamento, Breivik tem insistido que comanda um movimento nacionalista de resistência, e que em 2002 foi admitido em Londres numa ordem de militantes nacionalistas chamada Cavaleiros Templários.
Ele, no entanto, recusou-se a responder mais de cem perguntas sobre o assunto.