Vários imigrantes fecharam as suas lojas na baixa de Johannesburg, a mais importante cidade comercial da África do Sul, nesta quarta-feira (15), com o receio de serem alvo dos sul-africanos que têm atacado estrangeiros, nas últimas semanas mataram cinco pessoas nos arredores da cidade de Durban, e obrigaram milhares a procurarem refúgio fora das suas residências. O Governo moçambicano afirma que vai usar “um modelo que funcionou em 2008”, altura em que pelo menos 20 moçambicanos foram mortos, um dos quais queimado vivo por cidadãos sul-africanos que nunca foram responsabilizados.
Alguns media sul-africanos reportaram focos de violência durante a manhã desta quarta-feira, o que levou a Polícia a reforçar a sua presença nas ruas, particularmente onde existem lojas de imigrantes.
A maioria dos imigrantes optou por fechar os seus pequenos estabelecimentos comerciais após receberam mensagens de texto ameaçadoras nos seus telemóveis. “Os zulus estão a chegar à cidade para matar todos os estrangeiros que encontrarem”.
Em Durban não param de aumentar os imigrantes, entre eles moçambicanos, que chegam aos campos de refugiados erguidos pelo Governo de Jacob Zuma.
Esta vaga de violência começou poucos dias depois de o rei zulu, Goodwill Zwelithini, ter, nos finais de Março, desafiado os estrangeiros “a fazerem as malas e irem embora” do país. Este apelo foi apoiado por Edward Zuma, filho do Presidente sul-africano, que disse à agência de notícias local, News24, que a África do Sul estava “em cima de uma bomba-relógio e eles (estrangeiros) a tomarem conta do país”.
O Governo moçambicano, que só esta semana condenou os ataques xenófobos, anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para apoiar o regresso dos seus cidadãos do país vizinho. Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano, Oldemiro Baloi, está também prevista a abertura de centros de trânsito no sul de Moçambique para prestar assistência no repatriamento dos residentes na África do Sul que pretendam regressar, bem como no apoio à reinserção nas suas terras de origem.
“Temos um modelo que funcionou em 2008 e que está pronto para funcionar outra vez”, declarou Oldemiro Baloi, à saída do Conselho de Ministros, nesta terça-feira (14) em Maputo. Entre Abril e Maio de 2008, o Governo de Moçambique prestou assistência no regresso de mais de 40 mil moçambicanos vítimas da xenofobia, e 23 cidadãos moçambicanos perderam a vida na altura.
A África do Sul, com uma população de cerca de 50 milhões de pessoas, é o lar de cerca de cinco milhões de imigrantes, muitos deles ilegais, que são apontados pelos sul-africanos como os responsáveis pelas altas taxas de criminalidade do país e pelas dificuldades sociais em que vivem.
Vivem ilegalmente, segundo as autoridades sul-africanas, mais de 800 mil zimbabweanos, 400 mil moçambicanos e 300 mil congoleses.