O grupo teatral Mbêu surge como escola de formação do Mutumbela Gogo, e depois de algum tempo tornou-se independente, dado o grau de maturidade e necessidade de apresentar uma nova abordagem. Desde 2003, o grupo, composto por dez elementos, além de se fazer ao palco, começou a organizar festivais, nomeadamente o Festival de Agosto, e a formar novos actores um pouco por todo o país. Evaristo Abreu, líder do grupo, em conversa com o @ Verdade, deu a conhecer as novas tendências do grupo que é uma referência no teatro moçambicano.
Por que motivo se desvincularam do Mutumbela Gogo?
No verdadeiro sentido penso que não houve desvinculação, porque continuamos de vez em quando a trabalhar com o Mutumbela e há apoio mútuo. Anossa saída do Mutumbela foi um processo de crescimento natural, como uma criança que nasceu, cresceu e depois casou-se e saiu de casa, portanto formou-se outra família. Não houve cisão.
Porque é que nestes últimos tempos o grupo anda aparentemente fora dos palcos?
Porque, se queremos formar actores e organizar festivais, não vamos estar sempre em palco. Outro factor é o de que os membros do grupo não vivem do teatro, estão envolvidos em outras actividades que de certa forma roubamlhes algum tempo. A equipa que trabalha a tempo inteiro reduziu-se a quatro elementos.
Quantos actores já formaram, desde que decidiram enveredar por este caminho?
Estamos a fazer uma formação contínua a mais de 250 actores e pensamos que este é um acto muito grande, porque estamos a formar actores e diversos pontos do país como Zambézia, Nampula, Chimoio e outros. Este acto é muito mais do que subir sempre ao palco e apresentar novas peças ao público. A maior formação que fi zemos foi em parceria com a Visão Mundial, em que formámos 78 actores em treze distritos da província da Zambézia, entre 2006 e 2007.
Será que os apreciadores do vosso teatro podem ter a esperança de voltar a ver-vos em cena?
Com certeza, porque uma das coisas que nós decidimos fazer é pelo menos uma vez em cada ano organizar um espectáculo, e já começámos a fazer isso no ano passado quando apresentámos a peça “O homem ideal”, na versão monólogo. Para este ano, estamos a montar a mesma peça reescrita na Alemanha em versão com o formato de uma peça e um acto. E também temos estado a trocar experiências com actores europeus. Aparentemente o Mbêu não está a trabalhar, porque as pessoas estão interessadas em ver espectáculos, mas nós temos feito espectáculos de outra meneira, ajudando muitos artistas a crescer e formando novos actores. É um trabalho de bastidores mas é um grande trabalho.
Que difi culdade o grupo está a enfrentar?
A nossa maior difi culdade é a falta de espaço próprio para ensaios e apresentações e isso limita-nos à boa vontade dos outros grupos que nos têm emprestado salas. Mas a culpa não é de quem tem espaço e por vezes não nos empresta, é de quem tem a responsabilidade de criar centros culturais. A cidade está a crescer, projecta-se e constrói-se tudo, menos espaços culturais. Em Maputo só temos três salas de teatro, isso é ridículo para um cidade tão grande como esta. Como grupo estamos a trabalhar. Fizemos agora o “A Procura do homem ideial”. Infelizmente, por causa das condições fi nanceiras, os actores estão livres e só nos juntamos quando temos um projecto concreto em mão. É que manter um grupo é dífi – cil, são os salários, aluguer de espaços, etc. Até porque crescemos… alguns construíram famílias, outros estão empregados, enfi m, a família existe mas encontramo-nos de acordo com um plano anual.
Quais foram os momentos mais altos ao longo do percurso artístico do Mbêu?
Todos os momentos que temos estado a viver são altos, porque se formos a ver: quando estávamos vocacionados a fazer espectáculos do Mbêu era um momento alto em função do que a gente fazia, quando decidimos fazer o Festival de Agosto também foi um grande momento, e, provavelmente, tenha sido o momento mais alto. Foi um festival de grande envergadura e movimentou artistas de quase todo o mundo. Penso foi o evento que mais marcou as pessoas, porque elas gostam de coisas efectivas e mais visíveis.
OS AUTORES DAS FAMOSAS PEÇAS “MWA NPFUNDLA”, “NTXUVHA”, “CHEGADA DO VIZINHO” E “CASA DE BERNARDETE ALBA”, PREPARAM AGORA A COMEMORAÇÃO DE SEU VIGÉSIMO ANIVERSÁRIO, A TER LUGAR EM FINAIS DESTE MÊS. PARA 2009 O MBÊU JÁ TEM AGENDADO UM FESTIVAL QUE TERÁ LUGAR DE 30 DE JANEIRO A 3 DE FEVEREIRO, DO QUAL TOMARÃO PARTE TRÊS ATRIZES BRASILEIRAS FAMOSAS POR APARECEREM EM ALGUMAS NOVELAS. ESTAS ARTISTAS VÃO NOS TRAZER UMA PEÇA CHAMADA “O OVO FRITO”. NA MESMA OCASIÃO, SERÁ LANÇADO O LIVRO DA PEÇA “A PROCURA DO HOMEM IDEAL”. NESSE MESMO FESTIVAL CONTAM COM A PRESENÇA DO GRUPO TEATRAL, TRIGO LIMPO, QUE DEVERÁ APRESENTAR UM ESPECTÁCULO DE TEATRO INFANTIL. |