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As tristes atitudes de alguns quadros da Frelimo em posições de confiança – Escrito por Jorge Valente

O grande erro que a Frelimo comete é o critério de selecção de indivíduos para a governação, sobretudo de nível distrital, que em muitos casos obedece ao amiguismo, tráfico de influência, nepotismo e ao espírito de colocar um amigo para juntos “comer”.

O caso evidente é o que está acontecer no distrito de Malema na província de Nampula. Para lá mandaram um administrador cujas atitudes mostram claramente o contrário daquilo que a Frelimo defende: a transparência. O senhor Dauda Mussa foi indicado para administrador de Malema em substituição do anterior, Adolfo Absalão, em 2010.

O senhor Dauda Mussa foi tirado de um dos postos administrativos de Mossuril, onde era chefe. Logo que chegou a Malema o senhor Dauda Mussa declarou em comício que o povo de Malema e os líderes comunitários não são nada, que o Governo e Allah é que são donos do mundo. Por isso o relacionamento entre o governo de Dauda Mussa e os líderes locais é muito “azedo”.

De lá para cá, assiste-se a sucessivos focos de atitudes de incoerência na sua governação, estando a promover o regionalismo e a arrogância no distrito. Nos seus comentários públicos ele fala de viva voz que Malema é uma colónia de Angoche, sua terra de origem. E por via disso todo o indivíduo conterrâneo dele tem todas as facilidades e oportunidades em Malema.

É a primeira vez na governação da Frelimo que um administrador fica contra, humilha e despreza o próprio povo que dirige. O senhor Dauda Mussa tem atitudes que sugerem ser tudo, menos da Frelimo, mas fortemente apadrinhado por outros infiltrados que querem manchar a todo o custo a imagem deste partido. No distrito de Malema, o fundo de Sete Milhões só é alocado com base de amiguismo e da origem.

O resultado é que as pessoas levam o dinheiro e usam-no para diversos fins, sem aplicá-lo nas actividades aprovadas. Há bem pouco tempo a Vale registou casas e infra-estruturas da população que estão ao longo da linha férrea para indemnizar até o dia 15 de Março, mas o senhor Dauda Mussa interrompeu o processo afirmando que o povo de Malema não merece ser indemnizado e exigiu que a Vale mandasse o dinheiro para o seu gabinete.

Isso está a irritar o povo de Malema. Curiosamente, noutras outras áreas as pessoas já receberam os valores. Na indicação do director do STAE de Malema ele forçou a escolha do Nurdine Aiuba Dauda, seu sobrinho e conterrâneo, que acumula o cargo com as tarefas de director pedagógico da Escola Secundária Nihia, numa clara violação à Lei da Probidade pois trata-se de funções incompatíveis.

O STAE em Malema trabalha com muitos atropelos às regras. Todos os actos de arrogância e prepotência são apadrinhados pelo seu tio Dauda Mussa. Em várias visitas a diversos níveis, incluindo do governo provincial, o povo de Malema reclama da actuação do senhor Dauda Mussa, pedindo a sua saída, não para outro distrito, mas sim para casa porque já demonstrou ser um grande incompetente. Mas esse grito do povo de Malema é ignorado. Em Malema, todo o indivíduo que reclama algo errado é visto como da oposição e é humilhado, isolado e perseguido. Cultivou-se lambebotismo e o espírito de menino bonito.

Em reacção a estas reclamações o senhor Dauda Mussa diz que ninguém lhe vai tocar porque tem grande protecção no seio do Governo e do partido Frelimo. Ele diz que vai continuar a humilhar o povo de Malema até ao fim do mundo porque Allah lhe protege uma vez que faz cinco orações diárias.

O senhor Dauda Mussa prega, com as suas atitudes, o regionalismo que se pratica na Frelimo ao indicar todos os funcionários com base na origem, neste caso só os provenientes de Angoche é que são promovidos, como aquilo que a senhora Cidália Chaúque fez quando foi indicada governadora de Nampula. Ela colocou nas posições- chave os seus conterrâneos de Inhambane.

Refiro-me aos directores provinciais da Educação, das Finanças, etc., e tentou sem sucesso influenciar a indicação do senhor Absalão Siweia para edil de Nampula, mas este veio a ser derrotado devido ao despertar dos macuas. O que surpreende as pessoas é o facto de o senhor Dauda Mussa ter sido chefe do posto administrativo de Chuhulo e ter criado sérios problemas de governação, mas foi-lhe confiada a missão de dirigir os destinos do distrito todo.

Quando se olha para o seu percurso no tempo de guerra civil, consta que ele, como militar afecto na frente de Nacata, mostrou muita falta de capacidade de liderança e conta-se que como chefe de um pelotão quase que fazia assaltar o posto sob seu controlo pelos bandidos armados devido à sua arrogância e incapacidade de dirigir.

Em Malema o senhor Dauda Mussa criou um ambiente de saturação e as pessoas não confiam no partido e na governação da Frelimo. Estes problemas devem-se à actuação das estruturas da liderança do partido que todos conhecem. Isso reflecte-se nos feriados e outros eventos em que o povo fica indiferente.

Numa conversa com o candidato do MDM a edil de Malema, senhor Razão Cadeado, que era da Frelimo, este confidenciou-me que se filou à oposição para respirar “outros ares” visto que a actuação do governo liderado por Dauda Mussa prejudica a expectativa de melhoria de vida por meio de iniciativas individuais ao alocar o fundo de 7 milhões usando critérios pouco claros e que ignoram os membros dos outros partidos.

O que se passa em Malema passa-se em muitos pontos deste país e isso está a prejudicar progressivamente a imagem da Frelimo e do seu Governo. Este estado de coisas favorece a imagem da oposição que, mesmo não estando organizada, é vista pelo povo como alternativa ao actual estágio do país. A Frelimo está, hoje, cheia de opositores.

A arrogância do senhor Dauda Mussa e o silêncio à volta das suas atitudes por parte do partido mostra claramente que a Frelimo está a caminhar para o descrédito total nas mentes das pessoas. A frustração do povo de Malema foi transmitida nas eleições autárquicas recentemente realizadas. Dos cerca de 15 mil eleitores inscritos apenas votaram perto de 3 mil.

Isso mostra claramente que a governação do distrito está pior e as pessoas estão atentas a isso. Um exemplo da situação anormal dentro da governação é o facto de o Corredor de Desenvolvimento do Norte ter decidido reduzir apeadeiros no comboio de passageiros de Nampula a Cuamba e reduzir o número de comboios de dois para um neste momento político. As pessoas tinham como fonte de sustento a venda de suas produções nos apeadeiros, daí que não faça sentido esta medida.

O descontentamento da população resultou nos actos de sabotagem a que hoje se assiste. O Governo está alheio a essa realidade. Um outro facto é a compra de votos nos processos internos dentro da Felimo para a indicação de quadros a eleger para a interpretação de políticas de governação do partido. É eleito quem tem dinheiro para “comprar influências”, deixando de fora as competências do indivíduo. Há que se reflectir esses males. O povo de Malema espera que a Frelimo analise e tome medidas correctivas aqui colocadas a respeito das atitudes do intocável Dauda Mussa.

Até breve

Escrito por Jorge Valente, residente em Nampula

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