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Altitude pode ser obstáculo durante o mundial sul-africano

As equipes que se instalarem em localidades ao nível do mar para treinar para a Copa do Mundo da África do Sul poderão ser prejudicadas quando tiverem que jogar a 1.700 metros de altura, o que não significa necessariamente que estarão condenados ao fracasso, explicam vários médicos ouvidos sobre o assunto.

Com a altura, o oxigênio fica rarefeito causando a diminuição imediata de seu consumo máximo – diretamente relacionado com o rendimento de um atleta. A 1.700 metros, altitude de Johannesburgo, cidade mais alta da Copa, onde se disputará a final em 11 de junho, “o rendimento baixa de 5 a 10%”, explicou o professor Jean-Paul Richalet, médico do hospital Avicenne de Bobigny, próximo a Paris, e especialista em problemas de altitude.

Entretanto, o impacto não é o mesmo para todo mundo e a adaptação à altura é determinante. “Se uma equipe fica sempre ao nível do mar e no dia da partida subir a 1.700 metros, ela se verá prejudicada, comparada aos adversários que já terão passado uma temporada nessa altitude”, assegurou Richalet.

Segundo o professor francês, “é preciso tempo para que o organismo acostume-se e aumente a aceleração do coração, respiração e formação de mais glóbulos vermelho” para compensar a falta de oxigênio.

Várias seleções optaram por instalar-se ao nível do mar, como a França, Japão, Dinamarca, Grécia e Costa do Marfim. À beira-mar, há vantagens também: o clima é mais suave durante o inverno austral, a recuperação é maior e o treinamento é mais eficaz. “Ao treinarmos em altitude, a preparação tenderá a ser mais leve. Ao nível do mar, os treinamentos poderão ser levados ao máximo. Portanto, fica difícil encontrar o equilíbrio”, destacou Andy Marc, do Instituto de Investigação Biomédica e de Epidemiologia do Esporte.

Os franceses, que disputarão suas três primeiras partidas entre 0 e 1.400 metros, duvidam dos efeitos adversos de uma altitude “moderada”. “Sabemos que os efeitos da altitude começam a aparecer a partir de 1.800 metros. Abaixo disso, quase não há efeito”, assegurou o professor Pierre Rochcongar, médico da Federação Francesa de Futebol. Ele recomendou, ainda, um período de treino prévio para a equipe nos Alpes franceses, entre os dias 18 e 25 de maio, como precaução. “Em um prazo tão curto, quase não há benefícios potenciais” para a adaptação à altura, criticou Gregoire Miller, professor do Instituto de Ciência e Esporte da Universidade suíça de Lausanne, um especialista contratado pela equipe da Argélia, que passará duas semanas nos Alpes suíços.

De qualquer maneira, “não é preciso exagerar a importância da altura no Mundial” da África do Sul, admitiu Richalet. Na cidade boliviana de La Paz, a mais de 3.500 metros, “seria um fator determinante. Mas a 1.700 metros, a altitude é moderada”, argumentou o professor.

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