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Alguns países africanos são inviáveis: Mo Ibrahim

O continente africano deve continuar a lutar para acelerar a integração regional, caso contrário alguns países não vão conseguir sobreviver, defende Mo Ibrahim, presidente da Fundação que também ostenta o seu nome.

Em 2007, Mo Ibrahim instituiu um prémio anual de cinco milhões de dólares norte-americanos para os líderes africanos que se distinguirem no continente pela sua boa governação. Em 2007, o prémio foi atribuído ao antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, e em 2008 ao antigo estadista do Botswana, Festus Mogae. Este ano não houve vencedor.

Ibrahim falava durante fim-desemana, em Dar-es-Salaam, capital da Tanzania, na sessão de abertura de um evento de dois dias para promover a boa governação em Africa, que parece ter sofrido um revés devido a uma onda de golpes de estado ocorridos no continente durante os últimos dois anos. “Lamento ter que dizer isso, mas alguns dos nossos países simplesmente não são viáveis”, disse o multimilionário sudanês Mo Ibrahim, que fez a sua fortuna na área de telefonia móvel.

“Nós precisamos de economias de escala e precisamos disso agora … não amanhã, ou no próximo ano ou no ano a seguir”, disse Ibrahim. Actualmente, várias organizações regionais estão a tentar aproximar as suas economias, mas a velocidade e a extensão da integração regional continua a correr a um ritmo que ainda deixa muito a desejar. “O comércio intra-africano representa apenas 4 a 5 por cento do nosso comércio internacional. Porquê?”, questionou Mo Ibrahim, acrescentando “isto é inaceitável, inviável e as pessoas precisam de dizer isso frontalmente”.

“Quem somos nós para pensar que podemos ter 53 países minúsculos e estarmos aptos para competir com a China, Índia, Europa e as Américas? Isso é uma falácia”, disse Ibrahim. O Premio Mo Ibrahim, cujo valor pecuniário é de cinco milhões de dólares, e que na sua primeira edição foi atribuído ao antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, e no ano seguinte ao seu homólogo tswana, Festus Mogae, não encontrou vencedor no corrente ano.

Um júri liderado pelo antigo Secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, disse que apesar de existirem alguns candidatos credíveis, os mesmos não reuniam as condições para serem agraciados com o Prémio Mo Ibrahim. John Kufuor, Olusegun Obasanjo e Thabo Mbeki, antigos estadistas do Gana, Nigéria e Africa do Sul, respectivamente, eram alguns dos candidatos elegíveis. Todos eram elegíveis pelo facto de terem abandonado a presidência nos seus respectivos países de livre vontade, um dos requisitos para ser elegível ao referido prémio. “Nós somos pobres, estamos com fome”, disse Ibrahim, a sua audiência.

“Existe algo muito errado. Por isso, creio que temos direito de dizer aos nossos líderes: Será que eles são realmente sérios?”, questionou ele a sua audiência, que entre os presentes se destacava o Presidente tanzaniano, Jakaya Kikwete. Outros participantes incluíam o músico senegalês, Youssou N’dour, a activista e cantora do Benin, Angelique Kidjo, que apresentaram alguns dos seus números durante o evento, instando os líderes africanos a trabalharem mais em prol do povo e do seu continente.

Por seu turno, Emmanuel Jal, antigo criança-soldado sudanês e cantor de “hiphop”, apelou para uma maior visão e compaixão. “Já morreram muitas pessoas que já não conseguimos chorar mais”, disse ele durante a sua actuação, falando da sua experiência com “Kalashnikovs” e que fez a audiência verter algumas lágrimas. “Ser presidente em Africa é o mesmo que uma pessoa se tornar num grande chefe, porque eles levam todo o dinheiro.

Nós precisamos de líderes capazes de dizer não a corrupção”, disse ele, falando a agência noticiosa Reuters, minutos após o término da sua actuação. Vários líderes africanos, distribuídos em painéis, discutiram, entre as várias matérias, as mudanças climáticas, segurança alimentar e integração económica que, segundo a Fundação Mo Ibrahim, exigem uma atenção urgente.

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