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Agricultura: fraca utilização de fertilizantes associada a custos

A utilização de fertilizantes ainda é muito reduzida em Moçambique, devido ao elevado custo dos mesmos, o que resulta na fraca produtividade agrícola no país por hectare. Esta informação foi revelada, quinta-feira, pelo director nacional de extensão agrária, José Gaspar, durante o programa “Café da Manhã” da Rádio Moçambique, estação pública.

“Em Moçambique existe muito conhecimento sobre como aumentar a produção e produtividades agrícolas, mas há outros factores que condicionam esta actividade no país, como os elevados custos dos fertilizantes, a fraca cobertura da extensão agrícola, entre outros”, explicou Gaspar.

“Há um paradoxo no que refere aos custos e acesso aos fertilizantes. Temos o problema da falta de recursos financeiros por parte dos camponeses para adquirirem os fertilizantes, porque são caros no país. Mas, mesmo com capacidade financeira para adquirir os fertilizantes eles não estão onde os camponeses estão”, acrescentou.

Segundo ele, muitas vezes, os fertilizantes estão disponíveis nas sedes distritais, embora não em todas, ou nas capitais provinciais. “Colocar os provedores de insumos próximo dos camponeses é o nosso grande desafios”, sublinhou.

Para o director de extensão agrária, o Governo reconhece que o acesso aos fertilizantes é um nó de estrangulamento no país, daí que está a subsidiar alguns produtores. Neste momento, cerca de 3,7 milhões de produtores moçambicanos estão a receber o subsídio em fertilizantes, segundo afiançou Gaspar.

“Reconhecemos que este número ainda é muito reduzido. Mas temos estado a dar outro tipo de apoios aos camponeses que não têm acesso aos subsídios”, frisou.

Para a presente campanha agrícola (20010/2011), o governo alocou aos camponeses mais de 5.700 toneladas de sementes melhoradas, cerca de duas mil toneladas de fertilizantes, 1.200 juntas de tracção animal, 100 multicultivadoras.

A disponibilização destes recursos visa criar condições para o aumento da produção e produtividade. Moçambique é um país com potencialidades agro-ecológicas invejáveis, mas o desenvolvimento do sector agrícola ainda é incipiente.

Moçambique possui 36 milhões de terra arável, dos quais apenas cinco por cento são explorados, segundo dados de 2003. Apesar disso, a agricultura cresceu em mais de sete por cento desde aquele ano até 2009. Actualmente, a contribuição da agricultura para o Produto Interno Bruto é de 24 por cento.

O pesquisador moçambicano ao serviço do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), Rafael Uaiene, já apresentou um estudo que mostra que nos últimos 50 anos o país não conheceu progressos significativos na área da agricultura, sobretudo devido ao baixo uso de sementes melhoradas e de fertilizantes pelos agricultores moçambicanos, particularmente nas culturas consideradas prioritárias para o país.

Uaiene considera como desafios para o desenvolvimento do sector da agricultura, o investimento na pesquisa e extensão, melhoria dos serviços da agricultura, expansão do acesso a água, crédito, direito de uso e aproveitamento da terra, infraestruturas bem como na elaboração de políticas e desenvolvimento de mercados e agro-negócios.

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