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Agentes da Polícia julgados por invadir uma residência à procura de dinheiro enterrado em Inhambane

O Tribunal Judicial da Cidade de Inhambane procedeu, esta sexta-feira (16), ao julgamento do caso dos três agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) afectos em Maputo, que na companhia da comandante distrital da PRM em Homoine, Joana da Glória, arrombaram e destruíram parcialmente uma residência de um cidadão, à procura de 300 mil meticais supostamente enterrados, no bairro Josina Machel, arredores da capital provincial.

Depois da audição da ré Joana da Glória, foram ouvidos mais elementos indiciados de participar na escavação da casa do cidadão Filimone Nguila, à procura de 300 mil meticais que alegadamente teriam sido enterrados pelo réu Salimo, que cumpre pena de prisão efectiva numa penitenciária na cidade de Maputo.

Na sessão desta sexta-feira, dos três réus arrolados no processo, apenas um compareceu em sede do tribunal, o co-réu Jorge Macuácua, que à semelhança da comandante Joana da Glória negou o seu envolvimento no caso. Ele disse, em sessão de julgamento, que teria sido convidado pelos amigos, identificados nos autos pelos nomes de Sulemane Amisse e Algy Sulemane, para um passeio na cidade de Inhambane. Durante a caminhada, revelaram-lhe que iam atrás de documentos de Salimo, cunhado de uma das pessoas que lhe convidaram.

Entretanto, depois da insistência do juiz, Jorge Macuácua confessou que foram à residência de Filimone Nguila à procura de dinheiro. Confirmou, igualmente, que na operação estava com a comandante Joana da Glória, que, para além de ser sua amiga, foi colega de escola, informou a Rádio Moçambique.

Num outro desenvolvimento, Macuácua assumiu que foi ele próprio que contactou a comandante depois de fracassada a primeira tentativa de entrar no domicílio de Nguila para procurar o dinheiro em causa, uma vez que o secretário do bairro, Pedro Augusto, exigiu um documento que autorizava tal acção. Na impossibilidade de exibir o documento, Joana da Glória exibiu o seu crachá, facto que agudizou os ânimos de populares e das estruturas do bairro.

Perante essa situação, Joana da Glória pediu reforço ao seu homólogo da primeira esquadra, o qual mandou para o terreno dois agentes da PRM armados para escoltarem a sua colega de profissão.

O secretário do bairro foi, também, ouvido como declarante no processo. Pedro Augusto confirmou que a comandante lhe mostrou o crachá e explicou que a sua presença bastava para as escavações acontecerem. Justificou que não seria possível mostrar o documento exarado pelo juiz a autorizar as escavações no domicílio de Nguila porque estava ele envolvido na visita da primeira-dama. Esta versão foi, igualmente, subscrita por outros declarantes ouvidos na sexta-feira.

No mesmo dia, foram ouvidos os dois agentes da Polícia que escoltaram Joana da Glória para a operação de escavação na habitação de Nguila afim de retirar o dinheiro alegadamente enterrado algures na sua casa. Os policiais confessaram que não sabiam de nada. Eles foram para a missão a mando do comandante da primeira esquadra para proteger da Glória.

Nesse contexto, o Ministério Público disse que o processo pode assumir outros contornos, podendo chamar-se polícia-correcional e não sumário. A defesa da ré pediu que fossem solicitados os dois supostos autores materiais do crime, que não comparecerem ao julgamento um por motivos de saúde e outro por se encontrar na África do Sul, pois é um homem de negócios.

Para além desses co-réus, na próxima sessão marcada para 26 de Agosto em curso, deverão ser ouvidos o comandante da primeira esquadra, na qualidade de declarante, e um membro da comunidade que ajudou na escavação, segundo a Rádio Moçambique, que noticiou igualmente que o juiz da causa, Alexandre Dlovou, aceitou o pedido e apelou para que Macuácua e da Glória colaborem com a Justiça para o esclarecimento do caso.

 

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