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Afrotaças: Liga Muçulmana e Ferroviário da Beira com sortes diferentes

Afrotaças: Liga Muçulmana e Ferroviário da Beira com sortes diferentes

A Liga Desportiva Muçulmana de Maputo derrotou, no último sábado (08), o Cnaps de Madagáscar, por 1 a 0, em partida da préeliminatória de acesso à Liga dos Campeões Africanos. O Ferroviário da Beira, a caminho da Taça CAF, perdeu diante do Azam FC de Tanzânia pelo mesmo resultado.

Numa partida que teve casa cheia, curiosamente composta por adeptos de vários clubes históricos da cidade de Maputo, para além dos da Liga Muçulmana, com destaque para os do Maxaquene e do Costa do Sol, Imo, transcorridos dois minutos, viu o guarda-redes malgaxe negar-lhe o golo na sequência de um livre directo. Logo a seguir, após uma perdida de bola de Liberty, na zona intermediária, o Cnaps lançou-se ao ataque e soube tirar proveito do desequilíbrio defensivo da equipa moçambicana. Porém, o remate do capitão Nono foi parado pelo guarda-redes Milagre. Estes dois lances, que aconteceram nos primeiros minutos do confronto, deram a entender que até aos noventa o público assistiria a uma excelente partida de futebol.

A Liga Muçulmana assumiu o controlo do jogo e obrigou a equipa malgaxe a recuar para solidificar a defesa, sobretudo porque foi patente a dificuldade de deter as jogadas ofensivas do rival. Num ensaio daquilo que viria a acontecer quatro minutos mais tarde, Muandro, de costas para a baliza, ficou na dúvida se fazia a rotação para rematar ou se cedia o esférico ao colega mais próximo, perdendo muito tempo até que Liberty, no meio de dois adversários, atira para fora. O primeiro quarto de hora foi fatídico para os malgaxes. Na cobrança de um pontapé de canto, Muandro centrou para a grande área de onde surgiu Sonito a cabecear para o fundo das malhas de Leda.

Inconformado, o Cnaps investiu muito no ataque e, até ao intervalo, tentou por duas ocasiões violar as redes muçulmanas: ambos os remates, desferidos nos minutos 17 e 45 por intermédio de Toyo e Jimmy, respectivamente, passaram por cima da baliza de Milagre. Ainda no decurso da primeira parte, as duas equipas fizeram substituições, tendo entrado Andro no lugar de Toyo, no conjunto de Madagáscar, e saído Imo para a estreia de Avelino nos muçulmanos. Depois de um cabeceamento perigoso de Avelino no minuto 37, Sonito viu a bola ganhar altura e a “perder-se” na linha do fundo, depois de um portentoso remate.

Segunda parte de pouco futebol

Se na primeira parte os dois conjuntos não acertavam com a baliza e não arriscavam muito em subir as linhas mais recuadas, até porque se tratava de duas equipas que não se conheciam ao pormenor, na segunda houve pouco futebol e muita desorganização de ambos os lados. A etapa complementar iniciou com a entrada de Jerry no lugar de Muandro, do lado muçulmano, e de Njiva a substituir Sina nos malgaxes. Esperava-se, com a vinda dos dois extremos, por mais pujança ofensiva no confronto, o que acabou por não ocorrer. Só no minuto 66 é que o público pôde testemunhar o primeiro remate neste período, desferido por Nando, depois de um excelente trabalho individual na grande área do Cnaps.

Com a entrada de Zé Luís no lugar deixado vago por Liberty, a Liga Muçulmana perdeu, definitivamente, a capacidade e a criatividade ofensivas, sobretudo por dispor de dois extremos que ainda não estão encaixados na filosofia de trabalho de Litos Carvalha. A equipa malgaxe não soube tirar proveito disso e preferiu gerir a desvantagem com o propósito de inverter a eliminatória no jogo da segunda “mão”.

Nos minutos 84 e 86, Momed Hagi teve duas oportunidades ímpares de dilatar o marcador e de garantir algum conforto no segundo embate. Na primeira, com a baliza totalmente escancarada, rematou por cima da baliza e na segunda cabeceou para as mãos do guarda-redes contrário. Com este resultado à tangente, Joannes Lekgotta apitou pela última vez. As duas equipas voltam a defrontar-se no próximo domingo (16), em Antananarivo, capital de Madagáscar.

“Não fizemos um bom jogo”

Sérgio Faife Matsolo, treinador-adjunto da Liga Muçulmana, afirmou, minutos após o encontro, que a sua equipa não esteve bem em campo e “que as coisas não saíram conforme tínhamos preparado, o que se traduz num resultado magro”. Para o técnico, apesar da ligeira vantagem que os campeões nacionais levam para o embate do próximo domingo (16), “é preciso continuar a trabalhar para marcar mais golos”. Refira-se que a equipa técnica do Cnaps de Madagáscar não se fez à sala de imprensa por razões desconhecidas, apesar de o @Verdade ter feito de tudo para colher o seu depoimento.

O “semáforo” do jogo

Verde: Kito

Não restam dúvidas de que é um reforço de peso na defensiva muçulmana. Soube desempenhar com mestria o seu papel de lateral, ligando a defesa ao meio-campo, sobretudo na coordenação com Imo e Nando. Perdeu brilho com a entrada de Avelino e na triangulação com Liberty. Soube apoiar o ataque e sempre que saía em velocidade, pelo lado direito, transformava Nando num ponta-de- -lança, o que tornou o ataque da Liga Muçulmana um veneno mortífero nos cruzamentos. A continuar com este ritmo, força e velocidade, os adversários dos campeões nacionais terão de treinar bastante a defesa e sempre a pensar nas movimentações de Kito.

Laranja: Avelino

Está longe de ser aquilo que se esperava dele: um verdadeiro extremo. Conseguiu confundir as marcações dos adversários mas poderia ser melhor na hora de finalizar. Não soube abrir o jogo, nem armar as jogadas ofensivas pelas pontas. Durante os 59 minutos em que esteve em campo revelou sérias dificuldades no domínio aa bola. Foi pouco assertivo nos passes, o que demonstra que ainda não está familiarizado com as triangulações.

Vermelho: Jerry

Não foi o melhor regresso do “Kanguru” ao solo pátrio. Entrou na segunda parte para conferir alternativas ao jogo ofensivo da Liga. Mas nada disso fez. Pelo contrário, tornou o ataque muçulmano monótono e previsível, ou seja, com Jerry a Liga Muçulmana não foi criativa. Definitivamente, a velocidade não é o seu forte. Tem pouca técnica e “embrulha-se” quando tem a bola no pé. Para o 4 – 3 – 3 de Litos Carvalha, Jerry é um avançado que pode servir se for para ser uma alternativa a Sonito. Contudo, há quem diga que lhe falta ritmo competitivo.

Ferroviário da Beira perde na Tanzânia

O vencedor da Taça de Moçambique, o Ferroviário da Beira, perdeu diante do Azam FC, por 1 a 0, em partida de acesso à Taça Nelson Mandela. A segunda “mão” disputa- se no próximo domingo (16) no Chiveve. O único tento da partida foi apontado no minuto 43 da primeira parte por intermédio de Kipre. O jogo da segunda “mão” será disputado no próximo domingo (16) no caldeirão do Chiveve, onde o Ferroviário da Beira é obrigado a vencer por dois golos de diferença, caso queira transitar para a fase seguinte.

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