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Resgatado o basquetebol em Nampula

Resgatado o basquetebol em Nampula

Já há uma luz no fundo do túnel quanto à prática de basquetebol na cidade e província de Nampula. Depois do colapso que se registou nos meados de 2010, a Associação Provincial de Basquetebol espera, a curto prazo, movimentar as competições da modalidade e descobrir talentos na “bola-ao-cesto”.

O projecto Escola de Basquetebol Ntsay, baseado na cidade de Nampula, é um dos exemplos da massificação da modalidade na cidade de Nampula. Surpreendentemente, na altura da abertura das suas oficinas referente à época desportiva 2014, foram inscritos cerca de 700 atletas nos escalões de mini-básquete, iniciados e juniores, com idades que variam entre seis e 19 anos, que, de viva voz, afirmaram que pretendem a todo o custo fazer história no país e além-fronteiras. Devido ao elevado número de atletas que vão fazer parte da academia de formação da Ntsay, a direcção vai ser obrigada a redobrar esforços, com vista a aumentar a porção de instrutores para assegurar o futuro desta camada.

De acordo com Carlos Tomo, director da Escola de Basquetebol Ntsay, apesar de a problemática da falta de campo para os treinos e os escassos meios com que o projecto se debate, o programa de formação e movimentação destes escalões vai prosseguir, e pretende-se dotar os atletas de fundamentos básicos na prática do basquetebol, ocupando de uma forma sustentável e saudável os seus tempos livres e agregando outras acções educativas para o bem dos petizes.

Para este ano, os atletas serão assistidos por 15 monitores, maioritariamente constituídos por antigos praticantes da modalidade, e espera-se que este número venha a aumentar nos próximos tempos. “Somos hoje uma grande família, começámos a trabalhar em 2011 e contávamos com 50 crianças, mas presentemente ultrapassámos esse número, porque as pessoas já acreditam em nós e naquilo que fazemos. Já temos atletas que podem competir em igualdade de circunstâncias com os das outras cidades que estão há bastante tempo a movimentar o basquetebol ”, disse.

Falta de material e de campos condicionam o resgate da modalidade

A falta de infra-estruturas desportivas para a prática da modalidade continua a tirar o sono à direcção daquela escola de formação. O único campo disponível para a movimentação dos atletas que aderiram ao projecto é o da Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique em Nampula, apesar de não dispor de condições favoráveis para a formação de talentos, uma vez que faltam tabelas, o piso não é adequado e a iluminação é fraca.

“Há sérios problemas no que respeita a infra-estruturas desportivas em Nampula. As poucas que existem não dispõem de condições favoráveis para a prática de basquetebol, e não há interesse por parte dos clubes em melhorar os campos. Apesar disso, não vamos baixar a cabeça, continuaremos a trabalhar com vista a resgatar a modalidade na cidade e na província de Nampula em geral”, sublinhou Tomo. O nosso interlocutor referiu ainda que para esta época desportiva, em coordenação com a Associação Provincial de Basquetebol de Nampula, serão movimentadas várias provas competitivas, designadamente torneios, jogos amigáveis, entre outras, com vista a assegurar a rodagem dos atletas que já vêm militando nesta modalidade.

“Não estamos a movimentar o basquetebol com a intenção de tirar dividendos, somos um grupo de antigos praticantes da modalidade e sentimos que a mesma estava moribunda. Há necessidade de resgatá-la e estamos em condições de criar mais de cinco equipas a partir dos atletas que aqui estão a ser formados”, frisou Tomo, acrescentando que a movimentação da modalidade resulta da contribuição dos membros e de algumas instituições de boa-fé. Na presente época desportiva, a Ntsay vai participar no campeonato provincial da modalidade de “bola-ao-cesto com um total de sete equipas, nos escalões de cadete, juvenis, juniores e iniciados, de ambos os sexos. “Os resultados da formação são encorajadores, porque na época passada duas das nossas equipas sagraram-se campeãs provinciais”, disse.

Orçamento sem dinheiro

Para o presente ano de formação de atletas, a Ntsay planificou um orçamento na ordem de 500 mil meticais, valor que será destinado à aquisição de materiais desportivos, com destaque para bolas e equipamentos, pagamento de subsídios aos monitores, prémios de jogos, lanche para os atletas, entre outros. A escola ainda não dispõe de tais fundos nos seus cofres.

“Contamos com o patrocínio e apoios a vários níveis, mas os empresários locais dificilmente apostam no desporto”, lamentou Tomo. Carlos Tomo disse que, apesar desse cenário que se vive em Nampula caracterizado pela falta de sensibilidade por parte dos empresários e do Governo, não vai desistir de bater às portas e acredita que a situação actual será ultrapassada. Com mais de 700 atletas, a Ntsay trabalha com cerca de 15 bolas, contra as 50 necessárias.

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