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Africa do Sul acolhe a Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos BRICS

A cidade costeira sul-africana de Durban acolheu, de 26 a 27 de Março, a V Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos BRICS, organização de países de economias emergentes formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Participaram na cimeira a Presidente brasileira, Dilma Roussef, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, o Primeiro-Ministro da Índia, Manmohan Singh, o recém-eleito Presidente da China, Xi Jinping e o do país acolhedor, Jacob Zuma.

Segundo analistas, este encontro serviu de teste para a África do Sul, país considerado uma das economias mais robustas de África, a fim de se aferir como poderia desenvolver e articular um plano de desenvolvimento seu, bem como do continente.

Memory Dube, investigadora sénior do Instituto para os Assuntos Internacionais, garante que a posição da África do Sul como a maior economia africana está a ser contestada por outros países, dai a pertinência de o país adoptar uma estratégia capaz de colocar os seus interesses em primeiro lugar e definir uma agenda de desenvolvimento do continente, e que observe a competição dos integrantes do BRICS em África.

À margem deste evento, o estadista sul-africano, Jacob Zuma, acolheu os seus pares no Fórum de Diálogo Africano, que examinou os problemas importantes do continente, tais como a questão do desenvolvimento das infra-estruturas, bem como a integração regional e a industrialização.

A criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS aguarda por uma contribuição de cerca de 10 biliões de dólares por parte de cada membro do grupo para a efectivação do projecto, sendo que as negociações foram adiadas para Setembro quando a cidade russa de Santo Petersburgo acolher a Cimeira do G20.

O comércio entre os membros dos BRICS e o resto do continente negro cresceu em 2012 para cerca de 340 biliões de dólares, um aumento significativo ao longo da última década, segundo dados do Standard Bank.

Crescimento competitivo

O continente africano é um lugar que regista um rápido crescimento, tanto em recursos naturais bem como no comércio entre os integrantes dos BRICS. O continente tem olhado para os BRICS como alternativa às tradicionais trocas comerciais com os países ocidentais.

A Comunidade dos Países da África Austral, SADC, é tida como a chave do sucesso da estratégia sul-africana nos BRICS. A região apresenta um défice no tocante a infra-estruturas, à semelhança do que acontece nas outras regiões do continente.

Na última segunda-feira, Jacob Zuma, em comunicado, havia dito que a importância dos BRICS prende-se com o facto de os acordos se reflectirem a um nível bilateral.

Parceria estratégica

O comércio entre a África do Sul e os integrantes dos BRICS registou um crescimento orçado em cerca de 294 biliões de randes, um aumento de 11% em 2011. Zuma referiu que um grande número de acordos foi alcançado com vista à solidificação das parcerias económicas entre o seu país e os outros integrantes do bloco, incluindo a declaração da estratégia de parceria entre a África do Sul e a Rússia.

O estadista sul-africano defendeu ainda que o encontro com os seus pares serviu também para se discutir a necessidade de reformas em instituições financeiras internacionais, tais como o Banco Mundial, a revitalização da Agenda de Desenvolvimento de Doha da autoria da Organização Mundial do Comércio, bem como as reformas na Organização das Nações Unidas, em particular as do Conselho de Segurança.

Mas o grande tema da cimeira foi o capítulo da cobertura geopolítica, neste caso a segurança, em regiões como o Médio Oriente, a guerra civil na Síria, bem como em África, em países como o Mali e a República Centro-Africana, onde 13 soldados sul-africanos perderam a vida na semana passada em confrontos com a rebelião.

Teste às relações

O outro ponto que ocupou a agenda dos BRICS e que não teve desfecho tem a ver com a indicação de um candidato para substituir o actual director-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lami.

A África do Sul é vista como elo, tanto para uma candidatura africana, como brasileira. Mas até aqui não se sabe se este ira apoiar o candidato brasileiro, Roberto de Carvalho de Azevedo, ou o da União Africana, o ganês Alan John Kwadwo Kyerematen.

Outro grande desafio prende-se com as expectativas de como a África do Sul iria gerir os pontos que os BRICS iriam abordar nas suas políticas financeiras e económicas para o continente.

Desenvolvimento das moedas

Numa altura em que o rand, a moeda sul-africana, está a registar uma depreciação, o mesmo não está a acontecer com as dos restantes países, com grande destaque para a chinesa, que, para além do crescimento, tem as suas trocas comerciais com África a registar um forte incremento.

Segundo Sim Tshabalala, director executivo da Standard Bank na África do Sul, o comércio sino-africano em 2015 irá atingir cerca de 300 biliões de dólares, um aumento de 40%. Os bancos centrais de países como a Nigéria já estão a diversificar as moedas usadas para as trocas comerciais, usando já a moeda chinesa. O Brasil já havia manifestado a vontade de também incluir a moeda chinesa como uma das suas moedas de reservas estrangeiras.

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