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Administradores roubam donativos das vítimas de inundações em Gaza

A Fundação Gift Givers, uma organização humanitária sul-africana, diz ter descoberto, esta segunda-feira (04), que uma parte considerável dos donativos canalizados ao centro de acomodação de Chihaquelane, no distrito de Chókwè, província de Gaza, Sul de Moçambique, não está a benefi ciar somente as vítimas das cheias, mas também os administradores e suas famílias.

Aquela organização afirma que descobriu igualmente listas fictícias nas quais constam, no topo, os nomes de pessoas que não precisam de nenhuma ajuda, por sinal familiares dos que lideram o processo de distribuição de donativos.

O fundador da Gift Givers, Imtiaz Sooliman, referiu que quando descobriu que nas alegadas listas falsas constavam nomes de familiares de administradores e de outros funcionários do Estado ordenou que se interrompesse o processo até que tudo ficasse esclarecido.

“As coisas correram mal por causa dos funcionários do Governo de Moçambique. Dei instruções para se fazer o levantamento das mulheres, crianças, idosos e doentes necessitados, mas ao invés disso descobrimos, hoje (segunda-feira), que essas listas eram falsas ou fictícias porque tinham nomes de pessoas que não precisam de nada. Eles estavam a roubar ao povo que nós queríamos ajudar”, disse Imtiaz Sooliman.

Segundo ele, a falcatrua foi descoberta horas antes de se proceder à distribuição de diversos donativos avaliados em dois milhões de rands naquele acampamento.

Neste contesto, está explicada a razão de tanta gente ter receio de canalizar, por via de terceiros, ajudas às vítimas das calamidades naturais em Moçambique. É que os apoios que, supostamente, são entregues para atenuar o sofrimento daqueles que realmente necessitam alimentam também os familiares dos que têm a tarefa de distribuir os donativos.

De acordo com a Fundação Gift Givers, há um esquema montado para roubar os donativos avaliados em milhões de rands que estão a ser aplicados nas acções de ajuda humanitária destinada a 60.000 sobreviventes das inundações no país.

Este roubo, diga-se, vergonhoso, a avaliar pela situação deplorável em que se encontram as pessoas a quem as ajudas se destinam, ocorre numa altura em que a Fundação Gift Givers aponta que mais de 3.500 famílias – muitas com crianças gravemente doentes – estão aquarteladas no centro de acolhimento em Chókwè.

Logo que os camiões de alimentos e ambulâncias chegaram a Chókwè, acompanhados por soldados sul-africanos, as pessoas correram para o centro de Chihaquelane para pedir ajuda.

Neste contexto, ao invés de serem os administradores ou outras pessoas ligadas ao Aparelho do Estado a distribuir os donativos, a Fundação Gift Givers está a dar comida, água e vestuários directamente aos necessitados. A prioridade vai para as crianças.

Domingos Utui, líder de uma igreja nas proximidades de Chihaquelane, disse que a situação é lastimável.

“Temos muitas famílias acampadas em edifícios e escolas. Elas fugiram para aqui porque não tinham para onde ir. O Governo tem sido lento a dar assistência e o povo não tinha escolha senão vir até nós”, relatou Domingos Utui a Imtiaz Sooliman.

Ainda de acordo com o líder da igreja, “não temos nada para ajudá-los. As nossas aldeias não têm comida. A sua presença aqui é uma resposta às nossas orações. Sem a ajuda da África do Sul, muitos teriam morrido”.

Perante estas queixas, Sooliman disse que a sua organização irá ficar em Chókwè o tempo necessário.

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