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Acidente com avião presidencial abala cenário político polonês

A classe política polonesa, que perdeu parte de sua elite na tragédia aérea que vitimou o presidente do país, tem pouco tempo para se reorganizar para uma eleição presidencial antecipada iminente. Como estabelece a Constituição polonesa, uma eleição presidencial antecipada deve ser realizada na Polônia antes do final de junho.

O presidente da Dieta (câmara baixa do Parlamento), Bronislaw Komorowski, encarregado interinamente dos poderes de chefe de Estado, anunciou que deseja fixar a data desta eleição na quarta-feira. A eleição regular estava prevista para outubro. O falecido presidente conservador Lech Kaczynski deveria enfrentar Komorowski, candidato oficial dos liberais. Os dois disputariam um segundo turno, segundo as pesquisas, e Komorowski era o grande favorito.

Um outro candidato, Jerzy Szmajdzinski, da Aliança da Esquerda democrática (SLD), também morreu na tragédia aérea. O partido conservador Direito e Justiça (PiS), fundado pelos irmãos gêmeos Kaczynski, foi o mais duramente atingido pelo acidente. “O PiS sofreu perdas colossais. Perdeu as personalidades que desempenhavam papéis importantes”, ressalta na Gazeta Wyborcza o sociólogo Jerzy Szacki.

Dos 18 parlamentares de diferentes tendências políticas mortos no sábado em Smolensk, oeste da Rússia, oito eram membros do PiS, entre eles Przemyslaw Gosiewski e Aleksandra Natali-Swiat – vice-presidentes do partido, Grazyna Gesicka – líder do partido no Parlamento, Krzysztof Putra – vice-presidente do Senado. “O futuro desse partido depende das escolhas pessoais de Jaroslaw Kaczynski”, considerou a cientista política Lena Kolarska-Bobinska, do Instituto de Relações Públicas, entrevistado pela AFP. Para ela, assim como para Szacki e outros analistas, ele poderá ser o candidato “natural” para substituir seu irmão, como representante do partido na campanha presidencial.

Assolado pela perda de seu irmão gêmeo e de vários de seus melhores amigos “Jaroslaw Kaczynski não tem cabeça para política” hoje, indicou nesta terça-feira o porta-voz do PiS Adam Bielan. Segundo ele, a responsabilidade pelas questões políticas atuais é compartilhada entre diferentes membros do PiS. “Isto poderá durar até o funeral”, previsto para domingo, considera Kolarska-Bobinska. Depois, Jaroslaw Kaczynski poderá ter que tomar as rédeas do partido.

De acordo com ela, duas hipóteses se apresentam. Ou ele tirará uma lição do passado, quando seu radicalismo trouxe problemas, e suavizará suas posições, ou adotará uma atitude de “fortaleza cercada”, que vê inimigos por todos os lados, considera Bobinska. “Lech Kaczynski representava entre os conservadores as opiniões mais moderadas. Há um risco de que seu lugar seja ocupado pela ala radical e nacionalista do PiS”, considera ela. Quatro dias depois do acidente fatal, os partidos políticos estão unidos em luto.

Segundo Kolarska-Bobinska, a próxima campanha presidencial se anuncia “absolutamente excepcional”. “Em tempos normais, esta é uma época de conflito político, mas, na situação atual, os eleitores pedem apenas a trégua e a reconciliação. Qualquer traço de agressividade causará descontentamento”, considerou.

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