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‘@Verdade EDITORIAL: A que ponto chegamos!

Pode, para os leitores apressados, parecer que estamos a caricaturar a realidade, mas, pelo contrário, apenas limitamo-nos ao infeliz e penoso exercício de dar visibilidade àquilo que se tornou numa prática reiterada do nossos agentes da Lei e Ordem.

Sem dúvidas, a nossa polícia está no bom caminho rumo à liderança mundial na lista dos principais violadores dos Direitos Humanos.

Porém, diga-se em abono da verdade, só há uma possibilidade para que tal não ocorra: o desarmamento de todos os criminosos que trajam o fardamento da Polícia da República de Moçambique antes, claro, que dizimem a totalidade dos cidadãos honestos e indefesos que constituem, infelizmente, os 22 milhões de moçambicanos.

Cada dia que passa torna-se mais difícil depositar o mínimo de confiança no Estado moçambicano, sobretudo no que respeita à segurança pública, pois quase todos os dias recebemos uma (má) notícia sobre o comportamento enviesado dos nossos agentes da PRM, que nos deveriam garantir a tranquilidade e a segurança.

Em menos de duas semanas, dois novos episódios que têm como protagonistas funcionários sustentados pelos contribuintes chocaram os moçambicanos: o assassinato do ex-madjermane, Carlos Mondlane, em Maputo, e de um jovem de 19 anos de idade em Nampula. Estes dois casos desnudam a ausência de Lei e Ordem no seio da instituição que devia zelar por ela.

Nos últimos dias, ao invés de contribuir para a segurança da população, os agentes da PRM vivem na modorra física ou atirando para os cidadãos inofensivos que reclamam os seus legítimos direitos. Começa a ser preocupante a atitude da polícia.

Se não há uma só autoridade que se sinta ofendida pelo facto de a polícia moçambicana se ter tornado no exterminador de inocentes, do outro lado, onde está o povo, há quem reclame, ainda que timidamente, desse comportamento hediondo e repugnante dos homens da lei e (des)ordem.

Cremos que existem na corporação agentes que pautam pelo respeito pelas leis e pelo bom senso. Cremos que há altas patentes que lutam, neste rochedo à beira mar, contra o desmando. Cremos que há boa vontade. Contudo, temos não a crença, mas uma certeza dogmática de que só vontade é muito pouco.

Sabemos que os membros da PRM ganham uma ninharia. Aliás, autênticas migalhas se compararmos com os salários faustosos dos donos do país. Ainda assim, não podemos aceitar que tal condição de precariedade justifique o tiro ao alvo com os cidadãos deste país.

Não podemos, como sociedade, aceitar que coisas do género ocorram sem que erguermos o punho de protesto, sem nenhum queixume, sem nenhum grito, sem nenhum gesto de reprovação que ateste que somos de carne e osso.

Mais grave do que a brutalidade do disparo, mais grave do que a desordem que habita no edifício da PRM, mais grave do que a delapidação dos bens do país e a ostentação dos nossos dirigentes é o nosso silêncio cúmplice. Cobarde até. É a nossa resignação de cidadãos embrutecidos, sem vez nem voz. É a nossa brutal estupidez.

Será necessária uma bala tirar a vida do nosso filho, do nosso pai, da nossa mulher ou de um irmão para sairmos à rua e marcharmos contra a ordem vigente?

O que é necessário para protestarmos? O que falta para estalar o verniz? O que falta para exigirmos a plenos pulmões a cabeça dos nossos algozes? O que falta para, 37 anos depois, reivindicarmos a nossa INDEPENDÊNCIA TOTAL E COMPLETA DAS MÃOS DESTES SACRIPANTAS?

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