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“A música faz parte da minha vida”

Quando o nome de Tânia Tomé vem a terreiro, as artes que se lhe colam são a música e a poesia. Mas ela não é só cantora e compositora, nem é só poetisa. Tânia é alguém que “respira” as artes e cuja grandeza criativa está longe de se esgotar apenas no “Showesia”.

A música acompanhou-a sempre durante a sua vida. Embora aquela arte não lhe tenha atravessado os sonhos de infância, desde tenra idade que nutre uma paixão desmesurada por ela – até porque nasceu num ambiente musical. “Nunca vi as artes como algo que eu quisesse fazer profissionalmente. Nunca foi meu sonho, sempre pensei em ser economista, consultora e empresária, isso sim, sempre foram os meus objectivos”, conta.

A paixão pela música começa aos três anos de idade e como tal explica: “Por influência do meu pai que é um cantor e compositor, ele cantava sempre e isso naturalmente nasceu do ambiente à minha volta”.

Aos sete anos, ganhou um prémio da África Austral com uma música da sua autoria, depois, entre os sete e dez anos, ingressou na Escola Nacional de Música, onde adquiriu conhecimento no que respeita ao uso de alguns instrumentos musicais, tais como o piano e a flauta. “Hoje ainda toco estes instrumentos para fazer as minhas próprias composições”, comenta.

Despertou para o universo da poesia mais tarde, na adolescência. Foi precisamente aos 13 anos de idade num sarau de poesia em homenagem ao poetamor, José Craverinha, onde, por sinal, teve a oportunidade de conhecer o já falecido escritor.

E a partir daí foi fazendo as três artes conjuntamente: canto, declamação e escrita. “Fui aprendendo a fazer e a própria arte de declamação foi ganhando uma expressão teatral.

Foi um processo muito natural, não defini, fui-me libertando”. Diga-se, a música teve muita influência na poesia e declamação, mas as pessoas que a conhecem, sobretudo o seu lado de poetisa, pensam que é o contrário: “Não é, a música nasceu primeiro e sempre me acompanhou”.

A cantora, compositora e poetisa que também é economista e consultora financeira e de gestão, é expressiva e é de forma cativante que fala num tom enérgico. “Como sempre, fui fazendo arte porque fazia parte da minha vida. Fazia artes na escola e na faculdade”.

Esteve a viver em Portugal desde os 17 anos, quando entrou na universidade. Mesmo como estudante, Tânia fazia diversas apresentações tanto com a poesia como com a música.

Participou no concurso Festival da Canção no Porto no qual ficou em segundo lugar: “Foi uma experiência muito boa. Tive muitas propostas musicais, mas eu já sabia que a minha prioridade era terminar o meu curso e foi isso que fiz”.

Showesia, uma mistura de artes

Uma miscelânea de música, poesia e teatro caracteriza as apresentações de Tânia Tomé. Ou seja, o seu lado comunicativo e o gosto pela música, escrita e declamação de poemas levaram-na ao desafio de inaugurar uma forma – apesar de já a fazer sem ter consciência – de protagonizar espectáculos em Moçambique a que chamou de Showesia. E fá-lo não só com surpresa e alma, mas também coloca empenho e paixão.

Sentiu a necessidade de criar um neologismo, “não pela simbiose das artes, mas pelo dinamismo que se imprimia na poesia para estimular nas pessoas a literatura”. Para uma sociedade apenas habituada a espectáculos de música, o Showesia surge, diga-se de passagem, precisamente para imprimir a ideia de que é possível fazer um show com a literatura.

É, segundo a compositora e poetisa, possível pegar habilidades que são difíceis de compreender, assimilar e conseguir simular num formato que ela própria denomina edutainment – educação, cultura e entretenimento. “Esta ideia showesia também introduz um outro conceito que é de uma banda de poesia”.

Música e poesia no sangue

A autora de “Nhi Ngu gu Haladza”, canção com a qual foi nomeada para o “Sound TV Music Award 2010” da Nigéria na categoria “Soundcity Fresh Video”, diz: “A música faz parte da minha vida de uma maneira que eu não consigo controlar. É o alimento da minha alma”. É por causa dessa motivação que as artes também se manifestam no casamento: poesia e música.

A poesia é, comenta, algo que precisa de um determinado tempo para se realizar; ao mesmo tempo é a coisa mais fácil e independente de fazer porque “ao meio da noite sento-me e escrevo”, quando há inspiração, claro!

Quando chegou a Moçambique, vinda das terras lusas, actuava em várias casas de pasto. Porém, desde o momento que começou a trabalhar como economista e consultora financeira, o tempo para os ensaios e para se dedicar à actividade musical foi-se reduzindo.

Apesar de contar com várias participações em festivais internacionais, actuações na Alemanha e Portugal, apresentações ao lado de artistas moçambicanos como Stewart Sukuma e Mingas, Tânia Tomé ainda está a preparar o seu primeiro disco, um processo que ainda vai demorar pois o objectivo é fazer algo que crie impacto positivo em Moçambique e além-fronteiras.

“O primeiro álbum há-de vir no momento certo quando eu sentir que posso dar algo que possa contribuir para o nosso crescimento. Quando apresentamos um trabalho, tem de ser algo que vai fazer a diferença”, adianta.

A sua experiência no mundo da música já a fez júri de concursos de procura de talentos na área, o que tem vindo acontecer já há sete anos. “Porque trabalho com a música e reconhecem que tenho algum ensinamento a passar”, explica.

Casada e mãe de dois filhos, esta última tarefa que considera “árdua”, afirma que sempre tem tempo e combustível necessário para colocar em marcha uma família feliz e unida, não obstante as actuações e o trabalho de consultoria. “Temos de priorizar os nossos filhos, é uma coisa única e gratificante e não tem preço”.

Para a poetisa, a dificuldade de se ser cantora está em fazer a diferença. “Neste momento, nós temos muita quantidade, mas não temos tanta qualidade como devíamos. Deve existir essa preocupação de fazer algo que seja diferente e traga algo de novo para não se ser mais um cantor ou poeta”.

Quando questionada sobre os seus projectos, diz que “a curto prazo, estou a trabalhar na procura de um parceiro financeiro e de produção” do seu primeiro trabalho discográfico que espera apresentar no próximo ano.

Na área da poesia, já tem o segundo livro quase pronto, aguardando apenas o momento certo para “oferecer” aos amantes da literatura. “Tenho outros projectos que é poder fazer outros showesias em tributo a outros poetas.

Existe o projecto nas escolas e nas universidades, é preciso parceiros”. O trabalho que está a fazer é a procura de parceiros financeiros para levar em diante as suas iniciativas e, revela, “está para breve uma empresa de comunicação e de eventos”.

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