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Fotógrafo pisa mina mas continua a fotografar

João Silva, fotógrafo português radicado na África do Sul, ficou gravemente ferido no passado dia 23 depois de ter pisado uma mina, no Sul do Afeganistão.

Segundo o porta-voz do The New York Times, jornal para o qual o fotógrafo trabalha actualmente, Silva perdeu “parte de ambas as pernas”, apresentando ainda “danos pélvicos e hemorragias internas”.

Segundo fonte da família do repórter fotográfico, que é residente em Joanesburgo, João Silva foi levado durante a manhã desse dia para a Alemanha, depois de os médicos se certificarem de que o seu estado clínico estabilizou após a amputação parcial de ambas as pernas a que foi submetido.

A mulher sul-africana do fotojornalista e mãe dos dois filhos do casal, Vivian, embarcou ao princípio dessa noite com destino a Heidelberg para seguir junto do marido a delicada fase de recuperação clínica e psicológica que se segue ao acidente sofrido quando seguia uma patrulha do exército dos EUA na cidade de Arghandab.

O fotógrafo de 44 anos acompanhava uma patrulha da 101.ª Divisão Aerotransportada em Arghandab, na província de Kandahar, quando pisou a mina.

De acordo com o relato da jornalista Carlotta Gall, João Silva “continuou a tirar fotografias após a explosão, enquanto os médicos habilmente aplicaram torniquetes, lhe deram morfina e o levaram em maca para o helicóptero”.

Um excelente fotógrafo Após ter sido levado de emergência para a base em Kandahar, o fotógrafo foi operado e foi depois transferido para a base de Bagram, perto de Cabul.

Segundo Robert Christie, os médicos estiveram sempre em contacto com a mulher do fotógrafo, tendo-lhe indicado que ele “ainda não está livre de perigo, mas é extremamente forte”.

“O João é um excelente fotógrafo de guerra, temeroso mas cuidadoso, com um olho incrível”, disse Bill Keller, editor executivo do New York Times. “Aguardamos ansiosamente e rezamos pela sua rápida recuperação.”

Antes de trabalhar no Afeganistão, o fotógrafo de guerra tinha já passado pelo Iraque, pelos Balcãs, por vários países em África e do Médio Oriente, tendo visto as suas fotos distinguidas com vários prémios.

Não há relato de mais feridos no incidente. Segundo o jornal norte-americano, “um grupo de especialistas em minas e de cães farejadores de bombas tinha já passado sobre a área e encontrava- se vários passos à frente de João Silva quando se deu a explosão”.

As minas, accionadas remotamente ou através de algum mecanismo de pressão, são a principal arma usada pelos talibãs no Afeganistão, sendo baratas e fáceis de fazer, mas difíceis de detectar.

Referia-se que João Silva recebeu já vários prémios pelo seu trabalho como fotógrafo de guerra, contando no seu palmarés o prestigiado The World Press Photo. Além do Afeganistão, esteve também no Iraque, Balcãs e Médio Oriente.

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