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A lição do romeno Levry aos moçambicanos

Durante 4 meses da sua estadia na Cidade de Tampere, para troca de experiência no âmbito da parceria estabelecida entre o Ministério da Mulher e da Acção Social e a Universidade de Ciências Aplicadas de Tampere (TAMK) para o desenvolvimento da área do serviço social em Moçambique, Vasco Muchanga foi observando um grupo de mendigos de todas idades – jovens, adultos idosos -, mas o que mais o marcou foi a história de Levry, jovem que, na sua opinião, pode dar importante exemplo aos moçambicanos.

Segundo Vasco Muchanga, o lugar que mais concentração de apresesenta é a Loja Sokos, que está localizada ao longo de uma das avenidas mais movimentadas de Tampere, a Hamennkatu, que corta a praça central da Cidade entre a terminal de autocarros da cidade e o palácio Municipal. A Sokos é uma grande loja com vários departamentos, onde encontra-se a venda de melhores marcas de vestuários, calçados, camas, mesas, perfumes, utensílios domésticos, electrónicos entre outros com grande valor de.

Naquele lugar assiste-se a uma complexidade do fenómeno da mendicidade, pois, se por um lado, outros mendigos optam por pedir esmola de uma forma um pouco modesta e interessante para cativar a dádiva por parte dos transeuntes, tocando alguns instrumentos/acordes musicais nas esquinas da Cidade, sobretudo nas portas dos grandes complexos comerciais em troca de uma moeda, um centavo de Euro de gratidão de quem por ali passa, outros, optam por estender a mão com um copo descartável, representando um rosto de solidão, de um emigrante perdido e desolado na terra dos outros.

Depois de ter observado por cerca de 3 dias consecutivos cerca de 8 pessoas a pedirem esmola naquele local, Vasco Muchanga diz ter ficado curioso e achou interessante aproximar-se e procurar saber de onde eles vinham e por que motivos estavam a pedir esmola naquele local. Afinal de contas, é curioso saber como isso pode acontecer num país cujo sistema de protecção social é dos mais estabelecidos do mundo.

Em resposta às perguntas: “Quantos anos de vida você tem? Por que motivo está aqui a tocar em troca de alguns centavos de euros numa hora em que podia estar na escola como outras crianças e jovens? Levry disse que tinha 15 anos de idade; vinha da Roménia e vivia na casa de um amigo, de favor, nos arredores da Cidade de Tampere.

Acrescentou ainda, que, os seus pais viviam na Roménia. E que estava alí para ajudá-los a pagar uma dívida contraída a um banco na Roménia. Segundo Levry, os seus pais hipotecaram a casa e não têm como pagar a dívida e correm o risco de perder a casa. Por essa razão, Levry vai sempre àquela esquina da Cidade de Tampere perto da Sokos para tocar sanfona em troca de alguns centavos.

Levry diz que o seu objectivo é juntar dinheiro e, no final de cada mês, voltar à sua terra ajudar os pais a pagar o banco para não perderem a casa. Levry põe um copo à sua frente. Assim, os transeuntes que gostarem da sua música podem deixar ali algum dinheiro. São apenas alguns acordes musicais sem voz que ele toca. Segundo o que contou a Muchanga, dependendo do dia, Levry consegue arrecadar até 20 euros. Escutando o Levry na companhia do seu querido amigo Muchanga não resistiu. Deixaram algumas moedas, como gesto de reconhecimento do seu talento.

A história de Levry, ainda que esteja cheia de mistérios que suscitam dúvidas e muitas interrogações, pois, não se sabe se o que contou é real ou fictício, pois, muitos mendigos contam histórias emocionantes que não são verdadeiras, tudo isso para sensibilizar as pessoas a darem-lhes o que podem. Será que é verdade que Levry vem da Roménia? Será que ele vai para Roménia mensalmente? Estará Levry a falar a verdade ou a representar?

Apesar dessas dúvidas, Levry é um jovem de referência, pois com ele podemos aprender alguma coisa. Ele toca um instrumento musical na rua em troca de moedas. Não vai à cidade para tirar a pasta de ninguém, tão pouco para tirar piscas ou farois de carro de ninguém ou arrancar telefone de ninguém.

Levry, com seus 15 anos, mostra que é possível viver/sobreviver de forma Justa e honesta. Levry pode ser um exemplo para muitos adolescentes e jovens. Ele não tem vergonha da sua condição social, económica ou cultural. Ele pára na rua e toca a sua fiável sanfona. Levry confia no seu instrumento musical como arma de salvação da sua vida, da sua família e da casa dos seus pais.

Como podem ver na foto, o seu rosto transborda a esperança, a alegria de viver com base no seu suor. Ainda que seja entre os abraços da neve ou do violento frio característico de Fevereiro em Tampere , Levry faz algo para conseguir sobreviver com dignidade. Levry toca qualquer música que lhe vem na alma. Seus acordes musicais vem do fundo do coração.

 

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