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A agonia de padecer de uma doença desconhecida

Aos 34 anos de idade, à beira de perder igualmente a fala, a qual neste momento processa com dificuldades, Carlos Pedro Panguana é visivelmente uma pessoa amargurada mas, apesar do martírio, ainda alimenta o sonho de um dia voltar a ouvir, locomover-se e falar sem quaisquer limitações. Segundo ele, há anos houve tentativa de tratar a enfermidade de que padece, no Hospital Central de Maputo, mas os médicos não diagnosticaram nada.

O jovem a que nos referimos – que aspira ser psicólogo para ajudar os deficientes resignados a várias adversidades da vida – nasceu aparentemente sem nenhum problema de saúde. Em 1984 concluiu o ensino primário sem nenhuma anomalia, porém, em 1993, aos 13 anos de idade, apercebeu-se de que alguma coisa não estava bem no seu organismo. Subitamente, ele começou a ouvir vozes durante as aulas na Escola Secundária Noroeste 1. Nos dias subsequentes, ficou desesperado em virtude de estar a perdendo a audição.

Perante essa situação, Carlos Panguana informou aos pais que algo não estava bem com ele, tendo os progenitores optado por um tratamento tradicional. Entretanto, a doença agravava-se e jovem foi encaminhado para os serviços de Otorrinolaringologia no Hospital Central de Maputo, onde aconselharam-lhe a submeter-se a uma cirurgia. Os ascendentes não consentiram alegadamente porque se tratava de uma operação de risco e que podia deixar o filho definitivamente surdo.

Nessa altura, o nosso entrevistado era constantemente submetido a tratamentos tradicionais, os quais não trouxeram nenhum efeito positivo. Em 1996, Carlos desistiu de frequentar a 9ª classe porque já não se locomovia nem ouvia. Desde esse momento a esta parte, o jovem nunca mais voltou a andar. E, hoje, enfrenta problemas sérios para falar. Por via disso, fica muito tempo sem dialogar com ninguém e se sente discriminado – todos afastam-se dele – frustrado e considera que os seus pais são responsáveis pelo seu sofrimento por terem ignorado a sua saúde.

Para aliviar-se do “isolamento”, Carlos Panguana ocupa-se da leitura, por isso, aprendeu a falar a língua inglesa sem mestre para o efeito. Aliás, no dia em que, por acaso, o jovem puder voltar a captar os sons pretende recomeçar os estudos com vista a materializar o seu sonho de ajudar os deficientes.

Relativamente a este caso, Pedro Panguana, pai do jovem a que nos referimos, nega que a sua família tenha sido negligente em relação aos problemas em alusão. De acordo com ele, tudo foi feito para salvar o filho, mas a exiguidade de fundos impediu que houvesse mais esforços com vista a curar o jovem. “Sou um pai pobre e com sei filhos para cuidar”, defendeu-se o nosso entrevistado que diariamente vê o filho locomover-se através de uma carinha de rodas mas sem poder fazer nada para evitar isso.

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