O opositor Andry Rajoelina declarou na noite deste sábado que “dirige” o Exército “em todo território de Madagascar”, em entrevista à AFP na capital, Antananarivo.
“O Exército já não obedece às ordens do presidente da República (Marc Ravalomanana). Sou eu que dirijo o Exército.
Os militares recebem ordens de Andry Rajoelina, não apenas em Antananarivo, mas em todo Madagascar”, disse o chefe da oposição, garantindo que não busca a violência. Ravalomanana “sempre subestimou a força de um povo unido”, afirmou Rajoelina, que exige a demissão do presidente.
“Vamos assumir a direção e a gestão do país”, prometeu o prefeito destituído da capital malgaxe. “Tenho nas mãos a máquina para fazer o país funcionar, preparar eleições livres e justas, e elevar o nível de vida da população”, que está mergulhada na pobreza.
Antes da entrevista de Rajoelina, a presidência malgaxe garantiu que o poder continua nas mãos de Marc Ravalomanana, que está no palácio presidencial.
“A oposição tomou os escritórios do primeiro-ministro, mas não tem o poder outorgado pelo povo através de eleições democráticas”, disse a presidência à AFP.
“Este movimento continua sendo por enquanto uma mobilização nas ruas, que utiliza o terror e a repressão para sobreviver. Uma autoproclamação não lhe atribui o poder legal no país, segundo o comunicado presidencial.
O primeiro-ministro da Alta Autoridade de Transição (oposição), Roindefo Zafitsimivalo Monja, à frente do gabinete designado para substituir o governo, se apoderou hoje do escritório do chefe de governo. Pouco depois, Andry Rajoelina pediu ao presidente que deixasse com humildade o poder, em um prazo de quatro horas.
O conflito entre os dois campos começou em meados de dezembro. Rajoelina, destituído em 3 de fevereiro de sua função de prefeito da capital, multiplicou as manifestações contra o presidente e se autoproclamou líder do país. Ao menos 100 pessoas morreram em episódios violentos decorrentes desta crise política.