A Comissão Eleitoral da Guiné-Conacri diz que o líder da oposição, Alpha Condé, ganhou as eleições presidenciais, com mais de 52% dos votos.
As eleições são consideradas as primeiras democráticas desde a independência da Guiné-Conacri em 1958 e ocorreram após dois anos de regime militar.
Os resultados foram anunciados após um dia de tensões na capital com apoiantes do oponente de Condé, Cellou Diallô a queimar pneus e a montar barricadas. A polícia de choque foi obrigada a intervir, ferindo um número ainda não confirmado de pessoas.
Grupos
As eleições pretendiam marcar o fim de 52 anos de regime autoritário mas acabaram por descambar em violência e atrasos. Os candidatos Diallô e Condé vêm dos dois principais grupos étnicos da Guiné-Conacri, os peul, ou fula, e os malinké, ou mandingas.
As comunidades fula e mandinga acusam-se mutuamente de fraude e intimidação. Ambos se tinham auto-declarado vencedores antes da divulgação dos resultados. Alguns membros da comunidade de Condé alegam que têm vindo a ser atacados e que as suas casas foram pilhadas e incendiadas por apoiantes de Diallô.
Depois do anúncio Condé, de 72 anos, apelou à calma. “Antes das eleições prometemos respeitar o veredicto da comissão eleitoral e a lei. Testemunhámos muitas provocações e tácticas de atraso que estão a indignar a população mas fizemos tudo ao nosso alcance para apelar à calma”, considerou.
Motins
Mas o seu rival, Diallô, que alegou fraude, já disse que não aceitava o resultado anunciado porque apoiantes seus em dois círculos eleitorais se sentiram demasiado intimidados para votar, após motins étnicos contra os fula terem deflagrado durante a campanha.
Entretanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, emitiu um comunicado a apelar a todos os guineenses para que “pelo interesse nacional, aceitassem os resultados eleitorais e resolvessem quaisquer divergências por meios legais”.
De acordo com a Comissão Eleitoral, Condé obteve 1,47 milhões dos votos – ou 52.5% – contra 1,3 milhões – ou 47,5% – arrecadados por Diallô. A afluência às urnas foi de 67%.
A Guiné-Conacri tem desde Janeiro sido liderada pelo governo interino do general Sekouba Konaté, que assumiu o poder dos líderes de um golpe em 2008.