Cerca de 300 mulheres e crianças moçambicanas estão a ser traficadas diariamente para a África do Sul e outros países vizinhos e longínquos para alimentarem a indústria de sexo, principalmente, segundo a SAVE THE CHILDREN Moçambique, uma organização não governamental internacional de defesa do direito e bem-estar das crianças.
O número é baseado nas chamadas diárias que aquela organização afirma receber, segundo Ilundi Cabral, do sector de Combate ao Tráfico de Crianças da Save The Children Moçambique, prevendo, contudo, que o número tanto pode ser elevado ou reduzido, “porque só nos baseamos nas chamadas telefónicas que recebemos todos os dias de pessoas pedindo socorro contra o tráfico”.
Cabral apelou ao Governo moçambicano e líderes comunitários para reforçarem as redes de protecção da criança e mulher, principalmente, nas zonas rurais e peri-urbanas “onde aquele tipo de crime ocorre com muito acuidade devido à baixa qualidade de vida, falta de emprego e alto índice de analfabetismo, tornando o tráfico como coisa mais fácil de se realizar através de aliciamento e promessas de emprego no exterior”. Cabral falava ao Correio da manhã esta segunda- feira à margem dos trabalhos do seminário de capacitação de membros de instituições estatais e privadas que directamente lidam com a criança e mulher desfavorecidas, cuja sessão de abertura foi dirigida pela ministra da Mulher e Acção Social, Iolanda Cintura.
Aquela governante mostrou- se preocupada com o tráfico de pessoas, recomendando maior envolvimento de toda a sociedade moçambicana e estrangeira no combate contra o mal. Entretanto, estimativas da Organização Internacional de Migração (OIM) indicam que pouco mais de mil mulheres, com idades compreendidas entre 14 e 24 anos, são traficadas anualmente para a África do Sul e Suazilândia para serem exploradas sexualmente e servirem como força laboral barata.
As mesmas estimativas apontam que as traficadas geram lucros, em média anual, de cerca de 4,5 milhões de meticais, o correspondente a um milhão de randes. De referir que Moçambique, Zâmbia, Tânzania e Suazilândia são os únicos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que têm uma lei específica de prevenção e combate contra o tráfico de pessoas.