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2013 em Retrospectiva: mês de Setembro

2013 em Retrospectiva: mês de Setembro

Para o mês de Setembro em retrospectiva apura-se a vitoria das “Samurais” que ficaram vice-campeãs africanas, a detenção do candidato da Frelimo em Moatize, o negócio da EMATUM, o terror num centro comercial em Nairobi, e a detenção de um menor detido por contestar José Eduardo dos Santos.

“Samurais” vice-campeãs africanas

A selecção angolana de basquetebol sénior feminino é novamente campeã africana de basquetebol. Neste domingo (29), as “palancas negras” tiveram de ir ao prolongamento para derrotar as guerreiras de Moçambique por uma diferença de três pontos.

As “Samurais” foram protagonistas de uma entrada apoteótica e, transcorridos apenas dois minutos, já venciam por uma diferença de quatro pontos. A turma orientada por Nazir Salé revelou uma boa organização ofensiva, aproveitando de forma espectacular o momento ansioso da rival.

A um dado instante, o técnico angolano pediu um “desconto de tempo” para acordar a sua equipa, o que acabou por abrandar o ritmo da nossa selecção. Os dois conjuntos saíram ao intervalo empatados a 29 pontos e a 54 terminados os quarenta minutos. Já no desempate, a sorte esteve do lado angolano que ruiu o sonho de Moçambique de vencer a prova que decorreu na cidade de Maputo. 61 a 64 foi o resultado final.

A selecção angolana conquistou assim o seu segundo troféu consecutivo, enquanto para Moçambique ficou a honra de ter garantido o apuramento para o próximo “Mundial” de basquetebol que será disputado na Turquia em 2014.

Detenção do candidato da Frelimo em Moatize

O candidato do partido Frelimo à presidência do município de Moatize, na província de Tete, Carlos Portimão, foi preso no dia 26 de Setembro ao tentar subornar a procuradora distrital, Ivânia Mussagy, com o valor de cinco mil meticais, em notas.

Carlos Portimão deslocou-se ao gabinete da magistrada do Ministério Público em Moatize para tentar “negociar” a soltura de um sobrinho seu que se encontrava detido na cadeia distrital de Moatize.

Ao tentar convencer a magistrada a soltar o seu sobrinho, o candidato do partido Frelimo desembolsou cinco mil meticais para subornar a procuradora. Ivânia Mussagy recebeu o valor e acto contínuo chamou os agentes da Polícia a quem instruiu que o prendessem, tratando-se de flagrante delito, segundo o Canalmoz.

Depois do envolvimento de várias figuras do partido Frelimo e do Governo, inclusive do Procurador Geral da República, Augusto Paulino, a saída encontrada foi a procuradora Ivânia Mussagy levar o caso imediatamente ao tribunal. Tratando-se de processo sumário, Carlos Portimão foi julgado no mesmo dia pelo juiz Arnaldo Calisto.

Carlos Portimão foi condenado a três meses de prisão convertido em multa, que pagou, tendo sido solto imediatamente para assim poder continuar a sua actividade como candidato à presidência do município de Moatize.

Negócio da EMATUM

Em finais de Setembro, os media internacionais surpreendem o país ao anunciarem a existência de um negócio milionário, de cerca de 300 milhões de euros, envolvendo uma empresa moçambicana de capitais privados, constituída por instituições públicas, denominada EMATUM. O negócio pouco claro e envolto em muito secretismo visava a compra de 30 barcos, supostamente, para a protecção da costa moçambicana e pesca de atum.

Entretanto, até agora, o Governo continua com dificuldades em esclarecer alguns pontos inerentes ao negócio no qual entra como avalista. O Executivo, em sede de Parlamento, foi questionado acerca da fonte de financiamento e garantias que o Estado moçambicano tem de uma empresa que nem sequer tem um ano de actividade económica ao ponto de se assumir como seu avalista. A resposta do Governo foi vazia de conteúdo, limitando-se a repetir informações já prestadas.

A EMATUM é participada pelos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado (SISE), Instituto para a Gestão das Participações de Estado (IGEPE), Empresa Moçambicana de Pesca (EMOPESCA) e Gestão de Investimentos, Participações e Serviços (GIPS).

Terror num centro comercial em Nairobi

Homens armados atacaram um centro comercial na capital queniana, matando pelo menos 20 pessoas num ataque que o governo do Quénia afirmou poder ser terrorista, causando a correria de uma verdadeira multidão, com pessoas a procurarem abrigo em lojas, num cinema e nas ruas. Tiros esporádicos podiam ser ouvidos horas após a invasão, com soldados a cercarem o shopping e a Polícia a vasculhar o prédio, caçando os agressores loja a loja. Algumas emissoras de televisão locais deram conta da existência de reféns, mas não houve confirmação oficial.

O grupo militante somali Al Shabaab, que o Quénia culpa por tiroteios, bombardeamentos e ataques com granadas nas igrejas e contra as forças de segurança, já havia ameaçado atacar o shopping Westgate antes, um local popular entre a comunidade de expatriados da cidade. Os helicópteros da Polícia sobrevoavam o local, enquanto esta gritava “sai, sai”, com centenas de pessoas em fuga do shopping. Por uma das entradas do estabelecimento saía fumaça, e testemunhas disseram ter ouvido explosões de granadas. Correspondentes da Reuters viram pelo menos 20 corpos em diferentes locais.

Menor detido por contestar José Eduardo dos Santos

Manuel Baptista Chivonde Nito Alves, de 17 anos de idade, foi detido a 12 de Setembro, acusado de mandar imprimir 20 camisetas com slogans contra o Presidente José Eduardo dos Santos e de ultrajar o visado. Em Maio deste ano, foi também preso por pouco tempo numa tentativa de manifestação anti-governamental.

Nas referidas camisetas estavam estampadas os seguintes dizeres: “José Eduardo fora! Ditador nojento” e no verso das mesmas: “Povo angolano, quando a guerra é necessária e urgente”. Esta última expressão é o título de um artigo e do livro do jornalista Domingos da Cruz, publicados em 2009.

Por isso, Nito Alves, nome pelo qual é chamado na sua actividade “revolucionária”, esteve quase dois meses enclausurado em condições precárias, transferido de uma cadeia para outra e sem saber de que era indiciado, pese embora a lei angolana determine que um menor não pode ficar em prisão preventiva. Assim, ele tornou-se o mais jovem preso político e o primeiro angolano enclausurado à luz de uma alteração à Lei dos Crimes contra a Segurança do Estado de 2010.

Perante a relutância das autoridades judiciais angolanas em soltar o adolescente ou permitir o seu contacto com os advogados, estes pediram a liberdade provisória ou até um eventual julgamento, mas as autoridades não se mostraram favoráveis à solicitação. Nito Alves, que faz parte do chamado Movimento Revolucionário, tem sido alvo de perseguição política desde 2011, quando começou a exprimir abertamente opiniões críticas ao regime do Presidente José Eduardo dos Santos.

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