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2013 em Retrospectiva: mês de Novembro

2013 em Retrospectiva: mês de Novembro

Para o mês de Novembro em retrospectiva apura-se o despenhamento do voo TM 470 das LAM sem sobreviventes, as eleições autárquicas, o suposto recrutamento compulsivo, a distinção de Rafael Marques pela Transparência Internacional e o tufão nas Filipinas que matou milhares de pessoas.

Voo TM 470 das LAM despenhado e sem sobreviventes

Destroços do voo TM 470, das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que partiu às 11h26 do dia 29 de Novembro do Aeroporto Internacional de Mavalane, em Maputo, e que não chegou a Luanda, capital angolana, foram encontrados pela Polícia da Namíbia no sábado.

“O avião foi encontrado em cinzas, não há sobreviventes” afirmou à agência de notícias Reuters o Coordenador Regional da Polícia de Kavango, na Namíbia, identificado pelo nome de Willie Bampton. Seguiam a bordo do Embraer 190, fabricado e adquirido pelas LAM em 2012 no Brasil, 33 pessoas. Dos passageiros dez eram moçambicanos, nove angolanos, cinco portugueses, um francês, um brasileiro e um chinês, e seis tripulantes.

Fonte não oficial indica que o comandante do voo TM 470 era um moçambicano com larga experiência aos comandos de aeronaves das LAM, com mais de 4 mil horas de voo, já era chefe de operações e até instrutor de voo. Além do mais, essa não era a primeira vez que o referido comandante fazia o voo Maputo – Luanda e vice-versa.

Eleições autárquicas

O país realizou, no dia 20 de Novembro, as quartas eleições autárquicas da sua história. As mesmas decorreram em todos os 53 municípios, sendo que os partidos Frelimo e Movimento Democrático de Moçambique foram os únicos a concorrer em todos eles. A Renamo foi a grande ausente pois entende que com a actual legislação eleitoral é impossível garantir a transparência dos pleitos eleitorais.

Entretanto, estas eleições foram marcadas por diversas irregularidades, o que, em certos municípios, retira a legitimidade aos vencedores. Foi um processo caracterizado por ilícitos eleitorais, tais como a existência de menores de idade com cartões de eleitor e a votar, boletins de voto na posse de membros e simpatizantes da Frelimo, detenção de delegados de lista de partidos da oposição sem nenhum motivo, entre outros. Nota negativa vai também para a Polícia da República de Moçambique e para a Força de Intervenção Rápida, cuja actuação, diga-se, repugnável, resultou na morte de cidadãos e no ferimento de tantos outros, que cometeram o simples “erro” de ser da oposição.

Outro dado a reter destas eleições foi a afirmação do MDM como partido de âmbito nacional. Esta formação política não possuía um membro sequer nas assembleias municipais e passou a ter mais de 300. Em alguns casos, nas autarquias sob sua gestão, nomeadamente as cidades da Beira e de Quelimane, a sua governação era espinhosa. Àqueles dois municípios, o MDM acrescentou a cidade de Nampula, que esteve sempre “nas mãos” da Frelimo desde a instalação do processo de municipalização no país. Assim, o partido do “Galo” passou a controlar três das quatro maiores urbes do país e acabou com a hegemonia do partido no poder nas assembleias municipais.

Suposto recrutamento compulsivo

Vários jovens maiores de 18 anos, de ambos os sexos, foram abordados nas ruas, mercados e até nas suas residências na cidade da Beira e levados por membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outros agentes militares, muitos à paisana, alegadamente para serem incorporados nas fileiras do Exército moçambicano.

Foi possível confirmar que outros jovens foram compulsivamente levados do bairro de Maquinino, concretamente nas proximidades do mercado. Esta operação tende a estender-se para além do município da Beira, havendo registo de jovens “recrutados” nos postos administrativos de Tica e Mafambisse.

Na Universidade Unizambeze, localizada no bairro de Matacuane, também foram vistas duas carrinhas de caixa aberta, uma identificada como sendo dos CFM, com pessoas à paisana que pararam defronte da Instituição de Ensino Superior e abordaram alguns jovens que se encontravam no pátio.

Em comunicado, o Ministério da Defesa desmente o recrutamento militar compulsivo. “Não constitui verdade que o Ministério da Defesa Nacional ou outras Forças de Defesa e Segurança estão a fazer o recrutamento militar compulsivo para o cumprimento do serviço militar, trata-se de boato visando desacreditar o cumprimento deste dever sagrado para com a pátria pelo jovem”.

Transparência Internacional distingue Rafael Marques

Considerado um exemplo de coragem e integridade, Rafael Marques, jornalista e activista angolano dos direitos humanos, foi condecorado em Berlim com o prémio “Integrity Award”, atribuído pela Transparência Internacional, uma organização que promove o combate à corrupção.

O angolano é igualmente considerado um profissional que há anos se dedica a um trabalho de investigação persistente e denúncia da corrupção que mina o progresso de Angola e que condena o povo a uma vida de penúria e abusos.

Assim, a distinção do jornalista foi concedida graças ao seu trabalho incansável e corajoso na investigação e denúncia desses males, num país onde o regime se mostra cada vez mais hostil a todos os cidadãos que pensem de forma diferente da maioria que está manifestamente ligada ao partido no poder. Aliás, para além de dedicar o prémio ao menor Nito Alves, detido por quase dois meses acusado de insultar o Presidente José Eduardo dos Santos, Rafael Marques também foi enclausurado em 1999 por denunciar num artigo de jornal casos de corrupção e desvio de fundos no Governo angolano.

Tufão nas Filipinas mata milhares de pessoas

As Filipinas, um país neste momento deveras dilacerado, estão a refazer-se, timidamente, dos efeitos do tufão Haiyan, que deixou milhares de mortos, feridos, desaparecidos e desalojados.

Os filipinos vivem o pior drama da sua história, uma vez que, para além de milhares de corpos vistos a flutuar em Tacloban devido à calamidade natural, diariamente, centenas de pessoas rezam diante das campas em memória dos seus familiares. Dados divulgados há dias davam conta de que quase 10 milhões de pessoas ficaram desabrigadas pelo tufão em 574 municípios, 225.922 delas foram abrigadas em 1.069 centros de acomodação, mais de 574 mil casas desabaram e outras cerca de 575 mil sofreram danos.

Um país nestas condições enfrenta uma crise em quase tudo, incluindo vestuário. Há relatos de crianças que nasceram no meio desse desastre, para além de tantas outras que ficaram órfãs. O tufão Haiyan, com ventos de até 315 km/h, é considerado um dos mais fortes já registados em todos os tempos, pois provocou mais mortes e destruição do que uma tempestade ocorrida em 1991.

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