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2013 em Retrospectiva: mês de Fevereiro

2013 em Retrospectiva: mês de Fevereiro

Para o mês de Fevereiro em retrospectiva apura-se o caso dos reclusos que morreram afogados ao tentarem fugir da cadeia em Nampula, a renúncia do Papa Bento XVI, o facto de o voleibol ter tomado um novo rumo em Moçambique, a divisão de Moçambique pelo Centro, e o assassinato brutal de Mido Macia África do Sul.

Reclusos morrem afogados ao tentarem fugir da cadeia em Nampula

Dois reclusos perderam a vida afogados no distrito de Muecate, província de Nampula, depois de se terem lançado ao rio Muecate na vã tentativa de se escapulirem das mãos da Polícia da República de Moçambique (PRM). Trata-se de Raimundo Francisco e Issufo Alfredo, de 19 e 23 anos de idade, respectivamente, detidos por furto qualificado e venda de estupefacientes.

O incidente aconteceu numa altura em que aqueles reclusos estavam a ser levados para a cadeia distrital, depois de ser formalizada a sua detenção pelo procurador local. Na altura, algemados, aqueles indivíduos lançaram-se para o rio Muecate. Aventa-se que perderam a vida numa altura em que a corrente da água era forte devido à chuva que se fazia sentir.

Ambos foram encontrados a flutuar, um dia depois, a 20 metros do local onde se lançaram por uma equipa de nadadores locais que tinham sido contactados para procurá-los.

Renúncia do Papa Bento XVI

O Papa Bento XVI surpreendeu o mundo ao renunciar ao cargo de líder da Igreja Católica a 28 de Fevereiro por já não ter forças necessárias para realizar os deveres do seu ofício, tornando-se o primeiro pontífice desde a Idade Média a tomar uma decisão deste tipo.

O Papa, alemão de 85 anos de idade, visto como um herói por católicos conservadores e com suspeição por liberais, disse que havia percebido que a sua força se tinha deteriorado nos últimos meses. Um porta-voz do Vaticano disse que o Papa não havia renunciado por “dificuldades no papado” e que a decisão havia sido uma surpresa, indicando que mesmo os auxiliares mais próximos não sabiam que ele estava para deixar o cargo.

O papado de Bento 16 foi marcado por uma crise devido ao abuso sexual de crianças que abalou a igreja, por um discurso que desagradou os muçulmanos e por um escândalo envolvendo a divulgação de documentos privados através do seu mordomo pessoal. Num comunicado, o Papa disse que para governar “tanto a força da mente como do corpo são necessárias. Essa força tem-se deteriorado em mim nos últimos meses ao ponto de ter que reconhecer a minha incapacidade de realizar adequadamente o ministério que me foi confiado”.

Nos últimos meses, o Papa parecia cada vez mais frágil nas suas aparições públicas, muitas vezes precisando de ajuda para caminhar. Bento 16 foi eleito para suceder a João Paulo II, um dos pontífices mais populares da história. Ele foi escolhido a 19 de Abril de 2005, quando tinha 78 anos, 20 anos mais idoso que João Paulo II quando foi eleito.

Voleibol com novo rumo em Moçambique

Camilo Antão perdeu a corrida eleitoral à sua própria sucessão na presidência da Federação Moçambicana de Voleibol (FMV). Foi esta a grande decisão tomada na assembleia-geral ordinária daquela agremiação que reuniu as oito associações provinciais que compõem aquele organismo e convidados.

Trinta e três anos depois, o voleibol do país pode abrir uma nova página nos seus destinos com a eleição de Khalid Cassam para presidente daquela agremiação desportiva. O antigo atleta e dirigente desta modalidade na cidade de Maputo derrotou Camilo Antão.

No escrutínio, que contou com a participação de oito associações, nomeadamente da cidade de Maputo, da província de Gaza, de Inhambane, de Manica, de Sofala, da Zambézia, de Nampula e de Cabo Delgado, os dois concorrentes saíram empatados na primeira volta tendo-se, a seguir, recorrido ao voto de qualidade do presidente da mesa da assembleia-geral, como recomenda o artigo 23, no seu número seis do regulamento eleitoral daquela federação.

Moçambique dividido no Centro

Amoro, uma pequena povoação situada a pouco mais de duas dezenas de quilómetros do distrito de Nicoadala, na província central da Zambézia, que nem direito a placa tem na estrada nacional número 1 (EN1), é o local onde Moçambique ficou dividido no mês de Fevereiro. A força de um pequeno riacho, designado Namingorizine, arrastou a estrutura de drenagem e ainda levou a estrada consigo. Com a intensa chuva que caiu na região, o asfalto cedeu e o tráfego rodoviário começou por estar condicionado apenas para os veículos pesados.

Entretanto, enquanto as equipas da Administração Nacional de Estradas (ANE) se preparavam para colocar uma ponte metálica, a força da água arrastou o que sobrava ante o olhar impotente dos engenheiros. A fila que era de meia centena de camiões e autocarros, em cada uma das margens, começou a aumentar com a aglomeração de veículos ligeiros.

Para além dos condutores das viaturas que não podiam transitar, havia centenas de passageiros cujos autocarros estavam impedidos de circular, enquanto muitas mulheres com crianças ao colo desesperavam. Outros cruzavam a margem a pé e do lado contrário procuravam transporte para seguirem viagem até aos seus destinos.

Mido Macia brutalmente morto na África do Sul

Nove agentes da Polícia da nossa vizinha África do Sul protagonizaram um crime que chocou o mundo inteiro. Mido Macia, um taxista moçambicano que vivia naquele país há anos, foi algemado, amarrado na parte traseira de um veículo da corporação e arrastado em cerca de 400 metros numa estrada em Davidton, na província de Gauteng.

As imagens captadas por um vídeo amador e imediatamente divulgadas nas redes sociais antes de serem exibidas pelas televisões ilustraram o grau de agressividade e brutalidade a que o nosso compatriota foi submetido.

Classificado como um acto premeditado, para além de ter sido arrastado pela via alcatroada, Mido Macia, de 27 anos, foi, também, espancado e horas mais tarde foi encontrado morto numa cela, com sinais de graves traumatismos, tendo a autópsia revelado que ele morreu na sequência de ferimentos na cabeça que resultaram numa hemorragia interna.

Os nove polícias sul-africanos foram detidos, acusados de envolvimento na morte, porém, depois da audição pelo tribunal, foram restituídos à liberdade mediante o pagamento de uma fiança, depois de lhes ter sido rejeitado um pedido nesse sentido, alegadamente por se considerar que eles poderiam ameaçar as testemunhas.

Outro episódio digno de realce é o facto de o poder judiciário da África do Sul ter adiado o julgamento dos nove polícias por várias vezes. Muita gente espera que as instituições competentes façam justiça neste caso cujo desfecho é aguardado com muita expectativa por muita gente, sobretudo pelos familiares do moçambicano.

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