Os seguidores de Manuel Zelaya ocuparam as ruas e enfrentaram a polícia esta quarta-feira, em Tegucigalpa, para exigir a restituição do presidente deposto de Honduras. Pelo menos 10 mil integrantes da chamada Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado saíram da Universidade Pedagógica Nacional, local de concentração de manifestantes vindos das províncias, e seguiram para o centro de Tegucigalpa, acompanhados de perto pela polícia.
Quando a passeata passava pelo Parque Central, em direção ao prédio do Congresso, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo e os manifestantes responderam atirando pedras e quebrando vitrines de lojas. O deputado Ramón Velásquez Nazar, que apóia o golpe de Estado, foi cercado e agredido por um grupo de manifestantes, mas a polícia conseguiu resgatá-lo. Durante os confrontos, a polícia prendeu 50 seguidores de Zelaya.
A polícia, que já previa distúrbios, havia ocupado pontos estratégicos no bulevar Centroamérica, onde na véspera manifestantes queimaram um ônibus e a lanchonete ‘Popeyes’. Segundo o líder operário Israel Salinas, “o incêndio do ônibus e da ‘Popeyes’ foi obra de infiltrados da polícia, algo difícil de evitar em uma mobilização de 30 mil pessoas”. Outro líder “zelayista”, Juan Barahona, garantiu hoje que não haveria provocação: “não vamos confrontar os policiais, esta é uma manifestação pacífica, não queremos bater em um burro armado”.
A seleção de Honduras enfrenta nesta quarta-feira a Costa Rica, pelas eliminatórias da Concacaf para a Copa do Mundo de 2010, em San Pedro Sula, e segundo a imprensa local, os “zelayistas” preparam um grande protesto na zona do Estádio Olímpico Metropolitano. A polícia já mobilizou 1.200 agentes para acompanhar a partida.
Na terça-feira, o governo interino hondurenho, liderado por Roberto Micheletti, restabeleceu o toque de recolher em Tegucigalpa, decretado após o golpe de Estado, em 28 de junho, mas suspenso desde o dia 31 de julho. A decisão ocorreu após o ataque a várias lanchonetes na rua Centroamérica.
Ainda na terça-feira, um policial de trânsito atirou na perna de um manifestante que viajava em uma motocicleta, o que provocou a reação de um grupo de “zelayistas”, que incendiou um ônibus urbano.