Morreu A Rainha do Povo, transcendendo as fronteiras do seu reinado no erotismo dançado e na música popular. Seis anos depois, parece que o País que a amou esqueceu Zaida Hlongo. Como diria, Bob Marley, só “o tempo dirá…” A 4 de Junho de 2004, morria no leito de um dos quartos do Hospital Central de Maputo, após 45 dias de internamento, Zaida Hlongo.
Aos 32 anos, Zaida atingira o auge da carreira, em que depois de no início ser intensamente criticada pelas suas actuações de “pouca roupa” interior e passos de dança sugestivamente eróticos acabou celebrada rainha do erotismo dançado, amada pelo povo e respeitada pelas elites. Como um tsunami… Aos 32 anos, era o fim de uma estrela que como um tsunami emergiu de bailarina do Grupo Carlos Hlongo à vocalista e intérprete principal de coreografias e músicas que tanto tocaram na alma do povo como abalaram as consciências mais moralistas da sociedade moçambicana.
Aos 32 anos, como bem diz o ditado “the good, they die young” (os bons, eles morrem cedo), Zaida morria jovem mas deixando como legado actuações e canções dignas de a elevarem para o estatuto de ícone da cultura popular moçambicana. Zaida Hlongo – de um erotismo extremo dançado como nós os moçambicanos só testemunhámos nas congolesas Tshala Mwana e Yondo Sister e na “Madonna Africana” ou seja a sul-africana Brenda Fassie – mobilizou as emoções de todo um povo durante os 45 dias do seu sofrimento no “leito da morte” e no seu funeral dia 8 de Junho de 2004.
O funeral de Zaida Hlongo foi o epítome do reconhecimento devido a uma cantora que foi a pioneira de uma música popular moçambicana com líricas tão fortes que se confundiam entre crítica de costumes e apologia ao desenrascar da vida e/ou à entrega aos prazeres da vida. “Kurufelar” Zaida é preciso! Dama do Bling, Neyma, Mega Júnior, os cantores do pandza/ dzukuta, consciente ou inconscientemente são “produtos” da irreverência e “incontinência” de Zaida Hlongo e seu criador Carlos.
Sem máquinas de marketing por detrás dela, Zaida por mérito próprio ascendeu a um lugar de carisma na cultura popular moçambicana que encontra par, equivalente ou referente, nas culturas americana em Marylin Monroe e inglesa na Princesa Diana. Passados seis anos da sua morte, no dia 4 de Junho do mês dos 35 anos da Independência Nacional, só mesmo o défice de cultura da memória aos ícones da cultura, o culto de comemorações e efemérides nacionais por decreto governamental e partidário justifica que “também, na memória do povo” Zaida não tenha sido recordada e celebrada.
Poetas cimeiros de Moçambique como Nelson Saúte ousaram celebrar Zaida Hlongo e sua arte de “kurufelar” em crónicas dedicadas ao Moçambique real. Hoje, 2 de Julho, passados exactos cinco anos da morte do seu criador, Carlos Hlongo, homenageamos Zaida para que a história não nos julgue contribuintes da amnésia colectiva, anestesiados pela historiografia politizada que dá primazia e supremacia às conquistas de sangue a da Kalashnikov… porque @Verdade nos obriga!