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Xiconhoquices da semana: Show entre povos; LAM; Alunos continuam a estudar ao relento

Xiconhoquices da semana: Funcionários públicos obrigados a participar na campanha eleitoral; Falta..

Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda:

1. Show entre povos

É certo que, no contexto actual, devemos celebrar a nossa dependência de uma governação tirana. Na verdade devíamos chorar por termos sido agraciados com um líder da dimensão de Guebuza. As nossas faces, enquanto moçambicanos, deviam reflectir esse nosso equívoco colectivo.

Mas o facto de sermos uns desgraçados não significa que devemos aceitar tudo e mais alguma coisa de fora. A nossa aparência é mesmo de uma bocaria, mas daí ao ponto de ceder espaço aos desvarios de Bento Kangamba, o “empresário da juventude”, mora um abismo. O problema, na verdade, não reside no consumo da cultura do outro. Num mundo cada vez mais globalizado, é normal que isso aconteça.

O problema desta Xiconhoquice é a quantidade de lixo em formato de música que encerra. Um show entre povos deve ser digno desse nome. Não pode, de forma alguma, representar um espaço de afirmação de adolescentes febricitantes que se dizem músicos quando, na verdade, vivem abraçados eloquentemente ao play back.

Faltar ao respeito aos moçambicanos é admissível e até louvável. Aliás, ninguém é digno de respeito se não pisar os calos dos cidadãos deste rochedo à beira-mar na primeira oportunidade. Mas faltar ao respeito à música e ao termo povo é abuso demais…

2. LAM

O atraso de voos na companhia da bandeira, para qualquer pessoa sensata, não devia constituir notícia. O normal seria, sempre que tal abrisse um telejornal ou ocupasse uma página de jornal, desligar o receptor ou rasgar o desperdício de papel para falar de algo que, faz tempo, deixou de ser extraordinário. A LAM é pontual nos seus atrasos e preza muito por tal. Portanto, falar de algo tão óbvio, tão natural e corriqueiro é perder tempo.

A LAM é uma espécie de contentor de Xiconhoquices. Se a LAM fosse um país seria como a Somália. A comparação, diga-se, pode ser injusta e pode até ofender o povo somali, mas não deixa de ser interessante. Ainda nesta semana alguns passageiros ficaram cinco horas à espera de embarcar. Ninguém lhes disse nada. Neste aspecto a LAM não deixou os seus créditos em mãos alheias. Os passageiros penaram e bem e quando saíram de Maputo, oito horas depois, viajaram prenhes de ignorância em relação ao sucedido.

Apenas no dia seguinte, para não fugir à maneira de ser da companhia da bandeira, é que os jornais informaram que o atraso se deveu a uma avaria do avião que faz a rota Maputo-Joanesburgo. Resta, contudo, saber o que a rota entre nós e o país vizinho tem a ver com os voos domésticos…

3. Alunos continuam a estudar ao relento

É perigoso estabelecer relações de causa e efeito, mas, às vezes, é a única saída que resta aos cidadãos honestos num país que confunde informação de interesse público com segredo de Estado. Portanto, temos de dizer que é vergonhoso saber que toneladas de madeira saem das nossas matas e atravessam oceanos enquanto os filhos deste país estudam debaixo de árvores sem carteiras. Esse jogo de prioridades é extremamente problemático, sobretudo quando o nome de quem Governo aparece conspurcado em negócios obscuros.

Em Maputo temos escolas sem carteiras. @Verdade escreveu inúmeras vezes sobre tais Xiconhoquices. A notícia que nos chega presentemente é de o que o mesmo acontece em Nampula onde mais de 200 turmas do ensino primário do 1º grau, compostas por 18 mil crianças da 1ª a 3ª classe, recebem lições ao ar livre devido à falta de salas de aulas. Se nas escolas da urbe os petizes estudam sentados no chão e em condições inadequadas, o que será dos meninos que se encontram nas zonas recônditas da mesma província e do resto do território moçambicano? E como é que são as escolas do país real?

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