Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda:
Fundos da Presidência pra lavagem de imagem
O Canal de Moçambique, na sua edição desta quarta-feira, denunciou uma tremenda Xiconhoquice. O jornal avança, embora sem citar fontes, que a Presidência da República conta com um fundo de dois milhões de dólares para custear as despesas de uma eventual lavagem de imagem de Armando Emílio Guebuza.
Num passado recente o semanário Savana, o mais antigo órgão hebdomadário independente do país, publicou uma lista com analistas escolhidos a dedo pelos órgãos de propaganda ligadas ao regime. Um olhar atento aos pronunciamentos públicos dos nomes arrolados na lista de indivíduos sem alma e que perderam o norte devido ao ouro do poder revela a pequenez do regime. Sem, contudo, contar que tal pretensão também descobre o que se pretende esconder: a imagem do actual Presidente da República está tão desgastada quanto umas calças jeans de 1890. Só isso explica uma gasto tão irresponsável em polidores profissionais.
O mais grave é que tais analistas adoram ridicularizar a Renamo e os órgãos independentes do poder político. Esquecem, porém, que a lua não será quadrada por mais que se desdobrem em campanhas nesse sentido.
Empresas de Khálau e os outros casos de probidade
O nosso país podia mudar de nome por uma simples razão. É que o conflito de interesses, em Moçambique, virou regra. O caso da empresa do filho do Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) não é, de forma alguma, algo que nos deve espantar. Ao longo dos anos a imprensa denúncia várias Xiconhoquices desta natureza, mas ninguém ligado ao poder mostra ou finge alguma indignação.
É o Gabinete da Primeira-dama que exige, de forma implícita, publicidade as empresas públicas e ligadas ao poder. É o ministro que constrói uma rua para a casa da amante ou dos pais. Há uma vasta gama de Xiconhoquices que o mais difícil não é apontar a podridão, mas descobrir os bons exemplos.
Sobre o caso de Khálau importa deixar claro que, numa altura em que o crime toma conta do país, é extremamente suspeito que o Comandante da PRM tenha negócios na área de segurança privada. O que nos garante que Khálau não deixa, para aumentar a sua carteira de clientes, a segurança pública de pernas para o ar?
Política de esgoto
Este episódio não foi retirado de um conto corriqueiro de um país governado por uma ditadura. Aconteceu em Moçambique, um país encrustado no Índico e que se orgulha de ser uma democracia. Um espaço territorial com uma Constituição que estabelece direitos. Portanto, uma país livre de ideias retrogradas e que ferem expressamente os direitos fundamentais dos cidadãos. Depois desta extenso introito o melhor mesmo é contar o sucedido. Um professor foi transferido e despromovido para serviçal. Motivo: é candidato do MDM para o Município de Sussundenga. Efectivamente, aconteceu-lhe tudo aquilo que a nossa Constituição condena.
A administradora do distrito confirma a transferência, mas nega que tenha dado ordens. Afinal despachos dessa natureza e que atentam contra os direitos fundamentais são redigidos? É mais do que óbvio que o esquema da Xiconhoquice foi congeminado no esgoto da pior sacanice. A democracia é realmente um artifício num país onde pensar diferente é um crime hediondo…