Os nossos leitores elegeram as seguintes xiconhoquices na semana finda:
Construção num cemitério em Xai-Xai
Na cidade de Xai-Xai, na província de Gaza, certas pessoas invadiram uma área reservada à realização de enterros, demarcaram o local e venderam parte do mesmo. Os compradores foram surpreendidos pelas autoridades quando já estavam a erguer casas. Esta onda de invasão de cemitérios para construir casas tende a ser um problema “normal” no país, em geral, alegadamente por falta de talhões.
Para além desta situação, assiste-se, um pouco por todo o país, à destruição de túmulos e à remoção de marcos que delimitam as áreas reservadas a inumações. Pessoas sem escrúpulos destroem as campas, não respeitam o sossego dos mortos nem os lugares sagrados devido à ganância pelo dinheiro. A perda de valores morais de que várias correntes de opinião se queixam parece que é um problema sério. As crianças brincam sobre as campas e os adultos nada fazem. Aliás, com que coragem alguém compra um talhão que é visivelmente parte de um cemitério? Em que momento as pessoas perderam a sensatez a ponto de não respeitarem o descanso eterno dos mortos?
Sequestros
Os sequestros, que começaram em 2011 e que acontecem com frequência nas cidades de Maputo e da Matola já parecem uma situação irrefreável. Por dia, os protagonistas deste crime raptam pelo menos uma pessoa. A Polícia, como sempre, continua inerte, revelando a sua cumplicidade nesse acto que está a deixar milhares de moçambicanos à beira do desespero.
Aliás, há dias as autoridades policiais continuavam a repetir, quais robôs, que têm estado a trabalhar, mas na prática o que se nota são os sequestros. Mohamed Bachir Suleimane, sequestrado a 12 de Novembro, continua em cativeiro. No dia 24 do mesmo mês, um empresário identificado pelo nome de Issufo, caiu também nas malhas dos raptores. Em menos de 24 horas, uma cidadã moçambicana, identificada de nome Georgina Mubai, de 52 anos, foi raptada na manhã do dia 25, no bairro Belo Horizonte, distrito de Boane, província de Maputo, por um grupo composto por quatro elementos.
É este tipo de crime que a Polícia diz estar a combater. Que há elementos da Polícia que cooperam com os sequestradores já se sabe. A própria Polícia também sabe. Mas será por isso que o Estado se mantém indiferente perante o desespero das vítimas, dos seus familiares e de todos nós?
Aumento da violência contra a mulher e a rapariga
Na sociedade moçambicana, e não só, regista-se um aumento de casos relacionados com a violência contra a mulher e a rapariga, principalmente a que consiste em casamento prematuro, violência física e psicológica. Olga Loforte, da organização Marcha Mundial das Mulheres, mostrou-se preocupada em relação ao machismo que tende também a aumentar no nosso país. Em parte, este problema deve-se aos costumes culturais e religiosos que estão a influenciar bastante no agravamento da violência contra esta camada social.
Os esforços para prevenir a violência doméstica não podem continuar sem efeito devido ao fracasso da sociedade. Este mal que acontece dentro das nossas casas e comunidades mas ninguém ou pouca denuncia deve acabar. Urge que a comunidade desperte para o problema do uso abusivo da força porque este constitui uma grosseira e grave violação dos direitos humanos. Os níveis de violência contra as mulheres, tais como o estupro, a mutilação genital feminina, o tráfico das mesmas e os casamentos prematuros são inaceitáveis.