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Xiconhoquices da semana: 71,8 milhões USD para novo edifício da Presidência; Ofensiva militar; Cortes de energia

Xiconhoquices da semana: Falta de acção disciplinar cvontra funcionários públicos corruptos; CNE...

Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda:

71,8 milhões USD para novo edifício da Presidência

Na era da austeridade, dos salários em atraso e dos descontos forçados no salário dos funcionários públicos para beneficiar os cofres do partido no poder, gastar 71.8 milhões de dólares para um edifício na Presidência significa brincar com a dignidade dos moçambicanos. Nós não precisamos de edifícios pomposos e de carros topo de gama nas ruas da capital. Precisamos, isso sim, de estradas e escolas em condições.

A ideia, frise-se, não visa negar o conforto aos dirigentes do país. O que acreditámos é que tal conforto, a existir, deve caminhar em sintonia com as condições reais dos moçambicanos. E um país que se preze não pode gastar em armas e edifícios para dirigentes quando mal consegue distribuir o livro escolar e debate-se com um défice de medicamentos sem precedentes.

O transporte público no país, com os devidos contextos, está um caos e nós continuamos com a sem-vergonhice de construir edifícios públicos que contrastam com a realidade colectiva de 22 milhões de habitantes. As escolas continuam, infelizmente, a cair aos pedaços e o que nos importa é ostentar aquilo que não somos. Xiconhoquice.

Ofensiva militar na Gorongosa

Custa calar as armas neste momento que se sentaram para dialogar? É certo que as negociações já duram há alguns meses e, por aquilo que se vê, a velocidade é mínima e o ritmo para alcançar consensos desarticulado. Ou seja, o sangue que se derrama ao mesmo tempo que se brinda com uma taça de vinho no Centro de Conferências Joaquim Chissano é um sinal inequívoco do desejo de ambas as partes. Pretendem, mas não são capazes, de se eliminar fisicamente.

A extensão do país não permite. Sucede, porém, que esses desejos recalcados de quando em vez emergem e os ataques voltam a ter lugar. Já há uma lei aprovada, mas ainda não se deixou de morrer nas estradas nacionais por causa de uma quezília estúpida entre duas formações políticas. Em suma: volvido um bom punhado de meses de conflito armado que eclodiu na região centro e se alastrou, qual uma praga, pelo país inteiro – parece que ninguém tem dúvidas de que, quando os políticos não têm juízo, o povo é que paga.

Ao longo do tempo, o maior partido da oposição, de forma obtusa, jogou tudo na sua vingança, esquecendo-se do bem-estar do povo que, como sempre, vai na conversa de promessas que são feitas por quem nunca as poderá cumprir. Já o partido no poder, valendo-se da maioria absoluta parlamentar, continua indiferente ao eleitor, aos moçambicanos e à opinião pública. Uns atacam e outros ripostam. Aliás, ambos fazem o mesmo: atacam e ripostam em função das circunstâncias…

Cortes de energia

Depois da crise de energia em Maputo, confessamos, ficámos sem saber se a direcção da Electricidade (EDM) tinha tirado ilações daquela tragédia. Volvidos pouco mais de 14 meses, temos a certeza de que não se retirou nenhuma lição do sucedido. As crises na EDM são geridas ao mesmo nível dos problemas domésticos, num patamar de improvisos e com a celeridade com que um cidadão desonesto salda uma dívida.

Contudo, pior do que o desrespeito pelo consumidor, que não pode ser, no caso em apreço, encarado como algo novo, é o pendor discursivo do responsável máximo daquela empresa pública, sobretudo quando tal indivíduo não reúne competência técnica para emitir opiniões sobre situações do género. Não pode, agora, o senhor PCA afirmar que ninguém deverá ser indemnizado pelos danos causados pelos cortes frequentes na cidade da Beira. Só uma equipa técnica independente pode aferir o nível de responsabilidade da EDM.

E mesmo que o PCA tenha, ao seu dispor, informação privilegiada não pode abrir a boca para defraudar, despido de evidências, as expectativas de milhares de moçambicanos. É preciso lembrar que no rol das Xiconhoquices da EDM já não constitui surpresa, em qualquer lugar deste país, ficar privado de energia. O melhor, nos moldes actuais, seria fazer um esquema dos momentos que os cidadãos beneficiam de energia, esses que agora se tornaram uma excepção à regra…

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