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Walter Zand na Marcha Final

Walter Zand na Marcha Final

Nos últimos tempos, a vivência humana tem sido caótica denunciando qualquer coisa dos tempos apocalípticos. Está tudo confuso. Inspirando-se nesse caos, o artista plástico moçambicano, Walter Zand, diz que se está numa Marcha Final. Simplesmente surreal, até um prémio a obra já ganhou…

A última criação artística publicada de Walter Zand, que se encontra no Museu Nacional de Arte, chama-se Marcha Final. Trata-se de uma obra temática e, semelhante a qualquer objecto artístico, com uma história por se ler e interpretar. O aspecto peculiar é que essa narração é referente aos nossos dias, já, como o artista considera, profetizados. É por esse razão que, diante dela, e induzido pelo seu tema, além de contemplar o aspecto estético-pictórico, o espectador é convidado a reflectir sobre o dito assunto.

É que “quando associada aos acontecimentos que se operam no mundo actual, a Marcha Final denuncia uma espécie de fim. Parece-me que já estamos a chegar ao fim dos tempos. É nesse sentido que, ao analisar as peripécias do quotidiano, compreendi que é apropriado partilhar o meu sentimento de medo em relação aos problemas que o mundo está a experimentar”. Na criação, Walter Zand – o terceiro vencedor da 13a Bienal TDM nas artes plásticas – propõe-se a discutir os grandes problemas das sociedades contemporâneas. “Será que haverá uma profilaxia, ou seja, um remédio, para que os males de que padece a humanidade se curem? Ou a nossa marcha – em direcção ao fim – é irreversível?”

A Marcha Final é uma criação artística gerada a partir de uma técnica mista sobre papel, com uma dimensão de 50 centímetros de comprimento e 69 centímetros de altura. Refúgio em Cactus Entretanto, no mesmo evento artístico-cultural, o autor da fotografia com o título Refúgio e Cactus, Jesper Milner, conquistou a segunda posição. Mais uma vez, estamos diante de uma criação surreal em que o artista aproveita os caprichos da natureza para demonstrar até que ponto tem um olho atento e um clique certeiro. O Cactus é uma fotografia que desperta o sentido de comunicação com formas visuais que rodeiam o nosso mundo. Ela chama a nossa atenção para o belo, a necessidade de contemplá-lo e perceber o quanto a nossa terra é complexa.

Tudo Tem Um Nome

Com o tema Tudo Tem Um Nome, Manuel Fernando Bata fez uma obra que – pela sua singularidade e técnica empregue – convenceu Alda Costa, Naíta Ussene, Ídasse Tembe, Otília Aquino e Victor Sala, um grupo de pessoa bem-entendidas na artes, a escolhê-la como a primeira classificada. A criação Tudo Tem Um Nome foi produzida com base numa técnica de tecelagem de metal. A par de inúmeras (outras) obras, Marcha Final, Refúgio e o Cactus e Tudo Tem um Nome estão patentes no Museu Nacional de Arte e, à sua maneira, cada um dos seus criadores debruça-se sobre os Caminhos que a humanidade trilha. São em ordem decrescente as que merecerem 50, 100 e150 mil meticais, respectivamente, em jeito de premiação para os seus criadores.

Sob pressão social

O terceiro classificado, Walter Zand, afirma que se sente encorajado a continuar o seu trabalho com mais firmeza, em relação à criação das artes plásticas a fim de contribuir para o desenvolvimento dessa expressão artística. “Esta premiação veio em boa hora, muito em particular porque estou numa fase de pesquisa em que preciso de um grande alento para investigar mais e trazer novos elementos para as artes plásticas no país”.

O artista, que considera que antes de ganhar o prémio já vivia sob grandes responsabilidades na sociedade, na sua relação com a pintura, diz que a palavra desafio – nesse contexto – significa “a necessidade de gerar novas criações, inovar para ampliar o meu contributo nessa forma de arte no país”. Por isso, “estou resolvido a trabalhar continuamente”.

É nesse sentido que “o prémio me auxiliará a responder a determinadas necessidades materiais – que, geralmente, são uma vertente muito escassa no país. Já precisava de ter um empurrão financeiro como o que tenho agora”. Diz-se que Marcha Final é a última obra de Walter Zand vista numa exposição este ano, porque o artista não tem planos para realizar uma mostra das suas criações. Os programa que se está a elaborar indica que tal irá acontecer em 2014.

A inspiração brota de mim

Na história daquele certame – o maior que existe no país – Manuel Fernando Bata é um dos artistas mais premiados. Por essa razão, quando se anunciou o seu nome no evento, apesar de não ter conseguido conter a emoção, Bata já sabia que podia ser o vencedor. “Eu não estou surpreendido com o prémio. Para mim é tradição conquistá-los neste evento. Por várias vezes, já fui classificado na primeira posição, por isso sinto-me à vontade com esta premiação”.

O artista afirma que “para conquistar a primeira posição novamente, tive de mudar a técnica do trabalho. Desta vez, criei uma obra utilizando a tecelagem de metais. Para a próxima edição, penso que vou utilizar outro material que ainda não conheço. Apesar de que já existe, estou a sonhar com o mesmo”. De acordo com Bata “a minha inspiração brota de mim mesmo. Quando acordo com boa disposição, trabalho até altas horas da noite. Durante o dia, cuido da minha família por isso a inspiração só me aparece à noite”. Além do mais, “o barulho provocado pelas crianças incomoda- me na medida em que me retira a concentração”.

Grosso modo, o material usado na construção da obra Tudo Tem Um Nome – e das demais do artista – é recolhido na rua. No entanto, o processo criativo seguido é muito complexo. “Crio uma peça pequena e guardo- a. Mas quando percebo que há necessidade de fazer uma obra com uma dimensão grande, muitas vezes, incorporo as criações de dimensões pequenas, já geradas, para formar um produto final. Prefiro perder entre 10 e 15 obras pequenas, fundindo-as para formar uma única obra, mas grande”.

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