Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Voltámos!

Vamos começar por nos penitenciar: @ VERDADE faltou à dita quando, na capa da última edição do ano, disse que voltaria no dia 15 de Janeiro. Falhámos o nosso compromisso com o elemento mais precioso da nossa cadeia: o leitor. O motivo, acreditem, foi de força maior, muito grande mesmo, e passou por uma profundíssima reestruturação interna que ainda hoje não está concluída.

Nas três semanas em que o jornal não saiu – correspondentes aos dias 15, 22 e 29 de Janeiro – especulou-se, legitimamente diga-se, sobre a sua continuidade e nós lá fomos dando conta do que se passava a quem nos interpelava. Posto isto, voltámos com a mesma força, o mesmo querer, a mesma vontade e a mesma crença que nos animou no início do projecto @ VERDADE: o acesso à informação é um bem essencial e tem de estar ao alcance de todos os cidadãos, independentemente da sua condição socioeconómica.

Este projecto, em muitos aspectos, inovou e sobressaiu do marasmo em que se encontrava a nossa imprensa escrita. Fomos os primeiros e os únicos com a tiragem certificada pela insuspeita KPMG – durante um ano, ao longo de 52 semanas, um funcionário daquela empresa contou os 50 mil exemplares do jornal -; alcançámos todas a capitais de província antes de completarmos o primeiro aniversário e estivemos inclusivamente em aldeias remotas do norte do país onde nunca tinha chegado qualquer órgão de imprensa escrita; durante dois meses fizemos uma forte e inédita campanha cívica de apelo ao voto; concluímos uma parceria de monitoria eleitoral com a Universidade de Oxford; ainda no âmbito das eleições, criámos a figura do cidadão repórter que de qualquer parte do país, desde que tivesse rede no seu telemóvel, poderia dar-nos conta de qualquer anomalia no processo eleitoral;

no nosso sítio de internet – que atingiu o ano passado um milhão de visitantes – criámos uma maior interacção com o leitor através do Facebook e do Twitter; no ano do quadragésimo aniversário da morte do arquitecto da Unidade Nacional, Eduardo Mondlane, editámos, em fascículos, o livro “Lutar por Moçambique” da sua autoria; com a ajuda do apelo na capa para o leitor reciclar o jornal cremos ter chegado a, pelo menos, 250 mil pessoas, números impensáveis até há pouco tempo no nosso país.

Mas, o projecto d’@ VERDADE está inserido numa sociedade e, como tudo, não vive per si. Por isso lamentamos não ter interagido com órgãos públicos e privados como desejaríamos, principalmente com os primeiros. Aliás, com estes, diga-se, tivemos praticamente um relacionamento nulo. Um exemplo disso foi o anúncio dos Concursos Públicos que, de acordo com o que está plasmado no Boletim da República – Publicação Oficial da República de Moçambique -, no 3º Suplemento em relação ao Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, nas disposições gerais, no artigo 3 alínea b) lê-se:

“Anúncio de Concurso: comunicação, sobre a abertura de concurso, por meio da imprensa, designadamente através do jornal de maior circulação no País e edital, podendo ainda ser usado outro meio de comunicação que for considerado de fácil acesso para o público-alvo.” Apesar desta disposição legal, o maior jornal do país nunca foi abordado por alguém ligado àquele sector do Estado.

O mesmo se passou, por exemplo, com o acórdão do Conselho Constitucional (CC) sobre os candidatos excluídos das listas de determinados partidos. Tanto o CC como CNE passaram informação eleitoral em meios que têm de ser questionados porque não são os de maior circulação do país. Por tudo isto, e sem pretender vestir a pele de vítima, apelamos, tão só, aos senhores que decidem para que não ignorem a nossa existência, pois isso seria faltar à VERDADE, o que é sempre muito feio.

Boas leituras.

PS: Apesar de todas as dificuldades, @ VERDADE continua com uma tiragem de 50 mil exemplares, tendo sido obrigada, todavia, devido a cortes orçamentais, a encurtar a sua edição para 24 páginas. Este emagrecimento forçado não nos agrada nada e esperamos voltar, logo que possível, às habituais 32.

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