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Voleibol: Moçambique apura-se para a segunda fase de acesso ao “Mundial”

As selecções nacionais de voleibol sénior masculino e feminino garantiram, na noite do último sábado (06 de Julho), a sua presença na segunda fase de qualificação para o Campeonato do Mundial de Voleibol. A primeira, que envolveu quatro países da Zona VI de África, teve lugar no campo da Munhuana, em Maputo.

 

Decorreu, entre quarta-feira (03) e sábado (06) último, no pavilhão desportivo do Centro de Formação de Professores da Munhuana, em Maputo, o torneio de qualificação para o Campeonato Mundial de Voleibol, Polónia-2014. Competiram, no total, oito selecções de ambos os sexos em representação de quatro países, nomeadamente de Moçambique, do Lesotho, da Suazilândia e do Botswana.

 

Em disputa estiveram as seis vagas existentes nos Torneios da Zona VI que terão lugar entre os meses de Outubro e Novembro próximos no Botswana e na Zâmbia. Ou seja, qualificavam-se para as provas da zona Austral de África as três melhores classificadas de cada género sendo que, de lá, apuram-se as duas melhores posicionadas para a derradeira fase africana.

Em femininos, a selecção nacional estreou-se diante do Lesotho, considerada a mais fraca do torneio de Maputo, que participou no mesmo somente para cumprir com as “formalidades”. Aliás, essa debilidade da adversária de Moçambique viu-se em campo ao perder por 3 a 0, com parciais de 25 a 14, 25 a 10 e 25 a 11.

No segundo dia, a equipa moçambicana defrontou a Suazilândia numa partida bastante equilibrada e emotiva. No primeiro set, disputado com muita intensidade, a selecção nacional saiu vitoriosa por apenas dois pontos de diferença, ou seja, por 25 a 23. No entanto, a ousadia inicial das anfitriãs afrouxou, o que abriu caminho para as suázis recuperarem e vencerem no segundo embate do jogo, por 15 a 25.

A reviravolta deu-se no terceiro confronto em que a Suazilândia elevou o esforço das suas jogadoras até ao limite, vencendo por 19 a 25. Todavia, a ligeira e aparente fadiga da equipa do país vizinho de Moçambique levou a selecção nacional à vitória no quarto desafio, com o resultado de 20 a 25, factor que fez com que se recorresse um quinto e último set para ser conhecido o vencedor.

Porém, as anfitriãs não aguentaram e cederam, perdendo no fim por 12 a 15 sem se alarmarem pois, no mesmo dia, o Lesotho averbou uma derrota diante do Botswana por 3 a 0, resultado que abria a possibilidade de o conjunto moçambicano poder passar para a fase seguinte de qualificação ao “Mundial”.

No sábado (06), mesmo antes de entrar em campo, mercê da vitória da Suazilândia diante do Lesotho por 3 a 1, a equipa moçambicana qualificou-se automaticamente para o “Regional” da Zâmbia, entrando em campo somente para testar as suas capacidades diante do Botswana. Aliás, a tentativa da selecção nacional de melhorar a posição na tabela classificativa final viu-se gorada pois a sua adversária não facilitou e ganhou nos três sets por 12 a 25 e duplo 15 a 25.

Assim, Moçambique terminou na terceira posição atrás do invicto Botswana e da Suazilândia. Marília Magaia, atleta da selecção nacional, conquistou o prémio de melhor marcadora da competição.

Moçambique esteve “quase” no topo

Já em masculinos diga-se, de passagem, Moçambique alinhou com a selecção mais combativa de sempre, composta por jogadores de quase todo o país, com destaque para os da Autoridade Tributária de Nampula que recentemente participaram no Campeonato de Clubes Campeões de África de Voleibol. E logo na sua estreia, ela fez uma vítima: o Lesotho.

A equipa liderada por Hildeberto de Araújo entrou bastante inspirada e nos primeiros dois sets deu indicações de que sairia do pavilhão da Manhuana, na noite daquela terça-feira (03), com uma vitória. No entanto, cedeu na terceira partida ao perder por 25 a 19, entrando para a quarta somente para encerrar as contas do jogo em 3 a 1. Antes deste jogo, o Botswana derrotou a Suazilândia por 3 a 0, com os parciais de 25 a 16, 25 a 18 e 25 a 14.

No segundo dia da prova, a selecção nacional voltou a “maltratar” o seu adversário, desta vez sem perder nenhum set. Venceu por 3 a 0 com os parciais de 25 a 17, 25 a 18 e 25 a 17 garantindo, deste modo, a qualificação para a fase regional agendada para Botswana.

Contudo, foi no terceiro e último dia da prova que os problemas de balneário surgiram no seio do combinado nacional, com alguns jogadores a exercer uma espécie de pressão ao seleccionador para serem utilizados sendo que, outros, por não terem alinhado na equipa inicial, não aceitaram entrar a substituir. Este fenómeno agitou por algum momento o banco técnico de Moçambique, o que fez o treinador perder o comando da equipa que saiu derrotada logo no primeiro set por 19 a 25.

Na segunda partida a equipa esteve novamente desconcentrada e não foi capaz de evitar mais uma derrota com o marcador a registar 15 a 25. Já na terceira, que podia ser a última do jogo, os moçambicanos entraram com vontade de mudar o rumo dos acontecimentos tendo, neste período, suado bastante para arrancar uma vitória apertada por 31 a 29, o que gerou euforia no público que invadiu a quadra para abraçar os jogadores e o treinador. Este cenário fez com que a organização da competição interrompesse o jogo por cerca de meia hora. Contudo, no quarto confronto não foi possível a Moçambique manter o mesmo ritmo do terceiro, saindo a perder por 14 a 25 e encerrando as contas em 1 a 3.

Na tabela classificativa geral, o Botswana terminou na primeira posição com três vitórias, seguido pelos anfitriões com duas vitórias e uma derrota, ocupando a Suazilândia a terceira com uma vitória e duas derrotas. O Lesotho, tal como sucedeu em femininos, não conseguiu qualificar- se para a fase seguinte da corrida ao Campeonato Mundial de Voleibol. No capítulo dos prémios individuais, Délcio Soares foi o Melhor Marcador; Firmino Chinai, Melhor Servidor; e Aldevino Nuvunga o Melhor Defesa da prova.

Beto de Araújo, seleccionador nacional da equipa masculina

– Estou feliz porque conseguimos alcançar o nosso objectivo principal, que era o da qualificação. Vamos, a partir de já, trabalhar nos erros que cometemos neste torneio para que, até nas vésperas do próximo torneio, estejamos na nossa máxima força.

Mas há uma coisa que tem de ficar clara em Moçambique. No desporto profissional, o treinador é que é o comandante, ainda que seja amigo dos atletas. Os jogadores devem, unicamente, obedecer aos comandos. O que aconteceu no jogo diante do Botswana não se deve repetir. Não podemos admitir que eles contrariem as ordens do treinador e, por isso, estraguem todo o trabalho.

Quero que os atletas sejam mais humildes e tentem ajudar o país nas suas variadas frentes. Nós não precisamos de indivíduos que pensam em vir à selecção nacional para satisfazer os seus desejos individuais. Senti-me muito triste ao ouvir alguém a dizer que está na selecção por uma questão de favor.

Momed Valá, seleccionador nacional da equipa feminina

– Estávamos cientes das dificuldades que íamos encontrar, sobretudo contra a selecção do Botswana. Depois de derrotar o Lesotho no primeiro dia, percebi que a minha equipa entrou a subestimar a Suazilândia, daí ter vencido o primeiro set para perder os subsequentes. Mas penso que são erros que podem ser sanados antes da próxima fase, em que é preciso conhecer, primeiro, os nossos adversários. Estamos cientes de que na próxima fase serão qualificadas as duas melhores equipas e nós faremos de tudo para estar no topo.

Khalid Kassam, presidente da Federação Moçambique de Voleibol

– Estaremos no Botswana em masculinos e na Zâmbia em femininos. Estamos bastante satisfeitos com este feito conquistado diante do nosso público. Infelizmente não conseguimos atingir os objectivos traçados para este torneio, que passavam necessariamente por ocupar a primeira posição nos dois géneros. Mas saímos com muitas lições e vamos, a partir de já, trabalhar em torno dos nossos aspectos negativos.

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