O Japão lembrou nesta sexta-feira as milhares de pessoas que perderam as vidas em um grande terremoto seguido de tsunami cinco anos atrás, que transformou cidades em escombros e provocou o maior desastre nuclear do mundo desde o acidente de Chernobyl em 1986.
O tremor de magnitude 9,0 aconteceu em uma sexta-feira fria, desencadeando ondas imensas ao longo de um largo trecho do litoral e matando quase 20 mil pessoas.
O tsunami avariou a usina nuclear de Fukushima Dai-ichi, provocando derramamentos que contaminaram a água, os alimentos e o ar.
O primeiro-ministro na ocasião, Naoto Kan, disse que temeu ter que mandar esvaziar a capital Tóquio e que a própria existência do Japão estivesse em perigo. Mais de 160 mil pessoas foram retiradas das cidades próximas, e cerca de 10 por cento delas ainda vivem em acomodações temporárias no município de Fukushima.
A maioria se reacomodou fora de suas cidades de origem e recomeçou a vida. Algumas áreas continuam interditadas devido à alta radiação.
Manifestantes que protestavam diante da Tokyo Electric Power Co (Tepco), a operadora da usina nuclear, diziam “me devolvam minha cidade!”.
Nos cemitérios localizados ao longo do litoral devastado, diante de edifícios arrasados pelas ondas e nas praias, famílias se reuniram para oferecer flores e incenso, enxugando as lágrimas. As bandeiras estavam a meio-mastro nos edifícios do governo central, algumas com faixas pretas.
Na cidade costeira de Rikuzentakata, que foi devastada por uma onda que pode ter chegado a 17 metros e que perdeu sete por cento de sua população, assim como todo o centro da localidade, a dor ainda é forte.
“A realidade é que ainda sentimos as cicatrizes aqui, e ainda há muitos lutando para recomeçar suas vidas”, contou Yashichi Yanashita, funcionário aposentado da prefeitura de 65 anos. O prédio de quatro andares que abrigava a prefeitura foi inundado pela onda gigante.
Às 2h46 do horário local desta sexta-feira, o momento em que o terremoto ocorreu, sinos foram tocados no centro de Tóquio e em todo o país pessoas curvaram a cabeça em um instante de silêncio.
Todos os comboios do vasto metrô da capital ficaram parados por um minuto. O actual premiê, Shinzo Abe, e o imperador japonês, Akihito, se curvaram diante de um palco repleto de flores brancas e amarelas em uma cerimónia em Tóquio testemunhada por 1.200 mil pessoas, incluindo sobreviventes da área afectada.