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Visão melhorada por computadores desenvolve “sexto sentido” cibernético

Imagine que está caminhando na rua, quando se aproxima um amigo, cujo nome você não consegue lembrar. Mas, basta uma olhada discreta no visor do telefone celular para ser informado não só sobre a identidade dele, mas também sobre data do último encontro entre os dois.

Noutra situação, você se depara pela primeira vez com um prédio em uma cidade desconhecida, quando uma voz sussurra em seu ouvido o telefone de um restaurante que fica bem ali. Bem-vindo ao mundo da “realidade aumentada”, como é chamada a extrapolação da experiência cotidiana através da tecnologia virtual e interativa.

Protótipos dos dois aplicativos descritos acima “que funcionam a partir do uso criativo de ferramentas de acompanhamento do movimento do olho” foram apresentados no fim de semana passado em uma feira de tecnologia na estação de esqui de Megeve, nos Alpes franceses. Durante dois dias, engenheiros e cientistas apresentaram as últimas novidades em pesquisas para estimular a percepção humana a partir de informações provenientes da internet, de bases de dados especiais ou até mesmo de informações armazenadas no cérebro.

Os primeiros aparelhos para monitorar o movimento dos olhos foram desenvolvidos nos anos 40 do século passado para recolher informações que permitissem melhorar o desenho das cabines de comando dos aviões. Esta tecnologia, utilizada especialmente pelos militares e no desenvolvimento de ferramentas para pessoas com necessidades especiais, agora encontra novos usos.

Mais recentemente, os sistemas se tornaram interativos, possibilitando a transmissão imediata a uma pessoa de informação gerada por um computador.

Uma equipe do Centro de Pesquisas em Telecomunicações de Viena criou um rastreador ocular de última geração, projetado para varrer espaços urbanos, analisando informações on-line. Os cientistas austríacos conectaram o aparelho, dotado de uma câmera voltada para o olho do usuário e outra para a cena observada, a um telefone celular equipado com um compasso e um sistema de posicionamento global (GPS).

Eles acrescentaram sensores que indicam se o usuário está olhando para cima ou para baixo, e conectaram toda a estrutura a um capacete de bicicleta. Se o usuário fechar os olhos por dois segundos, ele envia um pedido de informação sobre o edifício ou o monumento que fica bem em frente.

Um computador de acesso remoto analisa a informação recebida via bases de dados geográficas na internet, como o Google Earth, e em seguida envia o resultado ao telefone celular do usuário. “Queríamos que o sistema fosse o menos invasivo possível, assim usamos um motor de texto por voz, que transmite a informação através de fones de ouvido”, explicou Matthias Baldauf, um dos cientistas. “Funciona como um sexto sentido”, acrescentou.

Outra invenção apresentada em Megeve foi o sistema do “olho assistido”, que usa a mesma tecnologia como um apoio à memória humana. Ao invés de usar uma câmera voltada para o olho humano, o programa desenvolvido por uma equipe da Universidade de Tóquio utilizou pequenos sensores infravermelhos. Embora seja menos preciso, o protótipo permite detectar um objeto dentro de um campo de visão e identificá-lo a partir de uma base de dados personalizada de imagens e arquivos, apelidada de “diário de voo pessoal”. “Na experiência, registramos cem imagens em uma base de dados”, informou um dos pesquisadores, Yoshio Ishiguro.

“Quando o olho se concentra em um objeto, ele é reconhecido por um computador, que em seguida extrai o arquivo correspondente”. O sistema é suficientemente leve para ser montado sobre um par de óculos de leitura, embora os cientistas tenham afirmando que ainda não conceberam a forma de se transmitir as informações ao usuário. Uma pequena tela instalada nos óculos ou um sistema de áudio são algumas das opções, citou Ishiguro.

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