Situado ao longo da Avenida Mártires da Machava, o abandonado e degradado edifício da Vila Algarve virou um abrigo de pessoas desfavorecidas, começando pelos meninos ou jovens da rua até os catadores de lixo que têm aquele local como a sua base.
Na manhã desta Sexta-feira, um jovem que aparenta ter 18 anos e neste momento a residir no edifício da Vila Algarve algures no bairro da Polana Cimento, cidade de Maputo, foi alvo de sevícias, alegadamente por ter roubado um telemóvel a uma adolescente que na altura circulava em direcção a avenida 24 de Julho, tomando a Mártires da Machava.
Os intentos do jovem não lograram, porque quando ele interceptou a menina, havia pessoas que circulavam de um lado para outro e logo que se aperceberam do roubo, trataram de perseguir o malfeitor até que conseguiram apanhá-lo a escassos metros da porta principal do edifício da Vila Algarve.
“Graças a três senhores que o perseguiram, eu já nem contava que pudesse recuperar o meu telemóvel, enquanto alguns peões se limitavam a assistir impávidos e serenos o cenário e a fuga daquele jovem, outros arranjavam maneiras de como cercá-lo”, conta a vítima que apenas identificou-se com o nome de Claudina.
A Claudina disse que tudo começou quando ela atendia a uma chamada telefónica, muito longe de pensar viu-se interceptada pelo jovem, “ele vinha a minha trás, de repente deu – me uma chapada, fiquei com tonturas e logo levou o telemóvel, de seguida fugiu. Gritei de tal maneira que alguns jovens que estavam a passar pela avenida perseguiram-no, pois logo se aperceberam que o jovem que estava a correr teria roubado alguma coisa”, acrescenta.
Quando o ladrão foi apanhado, as consequências dos seus actos não foram para menos, bateram-no com qualquer objecto que estivesse perto, as pedras foram o que mais foi arremessado contra o jovem malfeitor.
Ainda que ele pedisse incansável e constantemente socorros, não houve quem o ouvisse, uma vez que ele estava a pagar os actos por si cometidos e para não repeti-los mais.
Os seus companheiros da Vila Algarve, no lugar de socorrem-no, riam-se e batiam palmas, enquanto o jovem recebia pontapés desferidos por quase todos que por ali passavam, em como quem diz, “são pessoas como este jovem que deixam de ganhar as coisas honestamente e andam a roubar-nos socorrendo-se de uma pequena distracção das pessoas para poderem lograr os seus intentos”.
Afinal os residentes da Vila Algarve são companheiros, mas são do tipo, salve-se quem puder. Moradores algures no edifício da Vila Algarve disseram que naquele local vivem pessoas com uma conduta duvidosa, algumas delas dedicam o seu tempo, roubando bens a terceiros, sobretudo telemóveis e carteiras, outras não querendo fazer mal a ninguém, vivem da esmola ou caçando lixo (comida em estado da podridão) para poderem se alimentar.
Naquele edifício abandono e em ruínas existem famílias completas, há mães e pais que fazem filhos ali mesmo, quando a nossa reportagem se fazia no local, assaltavam as vistas de qualquer um, mulheres (jovens) com crianças no colo, umas cozinhando num fogão improvisado e que liberta uma forte fumaça e outras lavando fraldas e roupas dos seus maridos ou pelo menos pais dos seus filhos.