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Vida do povo não deve ser preço da industrialização

A Ministra para a Coordenação da Acção Ambiental, Alcinda Abreu, disse hoje, em Bruxelas, que Moçambique não pode nem deve pagar o preço da industrialização dos outros países com a vida do seu povo.

Falando num painel sobre o tema “A cooperação Sul-Sul como novo instrumento de cooperação internacional de Africa: Que lugar para a União Europeia (UE)?”, inserido no Fórum Crans Montana iniciado Quarta-feira passada em Bruxelas, Abreu disse que o aquecimento global que se tem registado resulta dos gases emitidos pelos países desenvolvidos desde a revolução industrial. E esse fenómeno, acrescentou, afecta mais os países em desenvolvimento, particularmente os de Africa.

Na verdade, Moçambique não é excepção. Um estudo do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), divulgado ano passado em Maputo, indica que as mudanças climáticas são uma realidade no país há mais de 40 anos. As características mais notáveis dessas mudanças são o aumento da temperatura média anual, alteração dos padrões das estações do ano, ocorrência constante de secas, cheias e ciclones, entre outras.

“Nós esperamos que a assistência providenciada pela UE para promover a cooperação Sul-Sul possa resultar na melhoria das condições de vida dos cerca de 20,3 milhões de moçambicanos e o desempenho económico. Nós não podemos pagar o custo da industrialização dos outros países com a vida dos nossos povos”, disse. A governante moçambicana entende que a União Europeia tem um papel importante a jogar na cooperação Sul-Sul, tanto ao nível bilateral (entre os países do Norte e do Sul), triangular e multilateral.

Na área do Ambiente, por exemplo, os países membros deste organismo podem financiar actividades de adaptação às mudanças climáticas e mitigação dos seus efeitos. Igualmente, estes podem transferir tecnologias destinadas a essa finalidade para os países do Sul. Ao nível da cooperação triangular, Moçambique está agora a cooperar com o Brasil, Índia e China em programas de mitigação dos efeitos de desflorestação e a UE (ou os seus membros) pode entrar nessas parcerias com o papel de financiador.

A vantagem destes programas é de as suas tecnologias serem de países (Brasil, Índia ou China) com características naturais similares as de Moçambique. Outras áreas em que a UE pode intervir são de Turismo e Infra-estruturas beneficiando-se das vantagens da integração regional, nomeadamente a da abertura do mercado da região com cerca de 200 milhões de consumidores. “Para alcançarmos o desenvolvimento sustentável nós precisamos de cooperar ao nível subregional com os nossos parceiros do Norte. É nossa responsabilidade manter as óptimas condições de vida no planeta para a presente e futuras gerações, bem como para melhorar os padrões de vida das comunidades rurais que são os donos dos recursos naturais”, defendeu.

Aliás, a Ministra referiu que Moçambique (e o continente africano no geral) é rico em recursos naturais e a biodiversidade, produtos básicos para a cooperação Sul-Sul. Com efeito, o país conta com cerca de 54,8 milhões de hectares de terra coberta por florestas e outras formações vegetais, área que constitui 70 por cento do território nacional. Igualmente, o país tem grandes potencialidades de fontes de energia (eólica, solar, hídrica, de biomassa, biocombustiveis, gás natural e carvão mineral) e possui condições para o desenvolvimento de pequenos e médios projectos nessas áreas.

Esta foi a primeira intervenção da governante moçambicana neste encontro em que também participa a Primeira-Dama de Moçambique, Maria da Luz Guebuza, na qualidade de Prémio Fundação Crans Montana 2009. Ainda neste encontro a terminar este Sábado e que este ano destaca assuntos relacionados com o continente africano, Alcinda Abreu vai falar sobre a educação ambiental e a Esposa do Presidente da República irá discutir a proposta de criação de um Instituto de Dignidade da Mulher em Africa.

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