A Comissão dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique ameaça partir para uma “intervenção mais contundente” se o Governo rejeitar “um diálogo construtivo”. A ameaça foi feita, esta Quinta-feira, em Maputo, pelo relator da Comissão dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique, Agostinho Múrias, enfatizando que esta hipótese, de “escala nacional”, resulta da recusa do Ministério dos Combatentes em aceitar que o grupo se reúna com a Comissão Interministerial criada pelo Executivo para tratar das preocupações dos desmobilizados, visando a discussão de uma proposta de aumento de pensão.
“Há necessidade imperiosa de nós continu- armos com um diálogo construtivo com o Ministério dos Combatentes, com Governo e com a sociedade civil em geral, porque esse mesmo esta- tuto do combatente é contestado”, afirmou o relator da Comissão dos Desmobilizados.
Segundo Agostinho Múrias, os ex-militares propuseram uma pensão mínima equivalente a dois salários mínimos (cerca de 132 euros), mas o Governo determinou o pagamento de uma pensão mínima de 600 meticais (16 euros).
“Estamos a falar de um senhor, uma senhora viúva, que ne cessita de alimentar a sua família e resolver outras necessidades. Seiscentos meticais não é uma pensão adequada para aquele que sacrificou a sua vida por este país”, sublinhou Agostinho Múrias, ex-analista dos Serviços de Informação do Ministério da Defesa de Moçambique.
Comparando os efeitos da “greve geral à escala nacional”, que a Comissão dos Desmobilizados de Moçam- bique poderá realizar, com os constantes confrontos entre o Fórum dos Desmobilizados de Guerra, um dos grupos filiados na comissão, e os serviços de Defesa e Segurança, Agostinho Múrias previu “uma intervenção mais contundente”.
“Aquilo (que o Fórum dos Desmobilizados de Guerra faz) é uma actividade mínima, que não está na escala dos militares, porque os militares têm acções mais contundentes. A opinião geral é de haver uma intervenção mais contundente, porque ir ali e cantar não tem nenhuma viabilidade”, frisou Agostinho Múrias.
O relator da Comissão dos Desmobilizados referia-se aos motins promovidos semanalmente pelo Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique nas imediações do gabinete do primeiro-ministro e que já foram alvo de cargas policiais.
A Comissão dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique reivindica aglutinar cerca de 150 mil ex-militares dos 16 anos de guerra civil moçambicana em todo o território nacional.