O Presidente da República, Filipe Nyusi, iniciou a Presidência Aberta, ora baptizada de visita presidencial, no norte do país, numa altura que o país atravessa o seu pior pesadelo económico dos últimos tempos. Com vista a distrair incautos, o Chefe de Estado simulou que reduziu o número de indivíduos que compõem a sua comitiva. Embora tenha levado poucos ministros, a redução não passa de uma atitude meramente cosmética para dar entender que há uma preocupação em cortar as despesas supérfluas.
É sabido, por experiência feita, que as comitivas do PR são por natureza despesistas. Na situação em que o país caminha, a passos largos, para o abismo sem precedentes, e os moçambicanos vivem na incerteza do que hão-de comer no dia seguinte, é pura insensatez, para não dizer insulto à dignidade do povo moçambicano, essa iniciativa do Chefe de Estado de promover Presidências Abertas.
Porém, o cúmulo da insensatez do Presidente da República não está somente na promoção das pomposas e improdutivas Presidencias Abertas. Aliás, na província do Niassa, o Chefe de Estado mostrou, à saciedade, a sua hipocrisia crassa ao afirmar que vai mandar as Forças de Defesa e Segurança protegerem os membros da Renamo que têm de dialogar com o Governo. E não ficou por aí. Cinicamente, Filipe Nyusi disse que a melhor forma de resolver o conflito armado é através do diálogo. Que grande novidade! Só hoje o PR se deu conta disso, após anos a fio a promover uma guerra que tem vindo a dizimar dezenas de moçambicanos inocentes?
Na verdade, Nyusi, como sempre, saiu-se muito, muito mal. É sempre assim quando está diante das câmaras de televisão. Aliás, a cada dia que passa o Presidente da República aparece ainda mais politicamente fragilizado e aproveita a oportunidade para pôr a nu o esvaziamento do seu discurso. E, desta vez para o país inteiro, revelou, toda a hipocrisia por que ainda rege a si próprio assim como ao seu partido.
Depois de, estupidamente, comparar a situação que país atravessa com a malária, no seu primeiro pronunciamento público sobre a dívida contraída ilegalmente pelo Governo, ao invés de fazer o mesmo que fazem outros políticos corruptos e oportunistas (mentir e prometer até à exaustão), optou, portanto, por se fazer passar por um bom samaritano no norte do país.