Será comum pensarmos que Verdade é coisa inexistente no mundo actual. Que não se pratica. Que foi qualquer coisa que se perdeu, algures a meio do caminho da construção, disto a que gostamos de chamar civilização. Em algum momento começamos a deixar para trás os pilares básicos da construção de uma sociedade decente. Duma democracia resistente. Em algum momento perdemos a noção do papel importante que desempenhamos todos os dias. Da contribuição individual e consciente. Que todos juntos somos a soma de muita gente. E que disso se faz a mudança. Ou a diferença. Ou a consciência da manutenção da indiferença. Com o princípio e o exercício da verdade. E isto é verdade, não é só publicidade (como diz o anúncio).
É fácil pensar que resolvendo os problemas da justiça, resolvemos quase tudo. Em Moçambique e em Portugal. Na Europa ou em África. Mas essa é uma verdade distante. Ao comum dos mortais. Porque não a controla. É uma verdade comum, porque é fácil, como tantas outras que nos são distantes, para as quais somos incompetentes. De mudar. Caímos no erro de criticar o mundo, incapacitando-nos de perceber que fazemos parte dele. Da parte boa. E da má também. Com o que contribuímos. E aportamos. Com o que reflectimos. E com os exemplos que damos. Muitas vezes distraímo-nos e não percebemos que somos o presente. Que o mundo se faz de nós. E que a soma de todos faz o mundo como ele existe.
Precisamos de acreditar que vale a pena ser coerente. Muitas vezes ser diferente. No básico quotidiano que vivemos. O que fazemos conta. É esta gente que tem de ser motivada. A acreditar na Verdade do que fazem. Na importância do que produzem. Do reflexo da acção de hoje. No futuro próximo. Esse amanhã que achamos distante. Mas está próximo demais. Keneddy disse em tempos: “Não penses no que a América pode fazer por ti mas no que tu podes fazer pela América”. Keneddy não pode ser mais actual. Leiam o mundo em vez da América e ponham a frase em prática. Em casa. No trabalho. Na educação dos filhos. Porque as crianças de hoje são os políticos de amanhã. Os gestores de empresas. Os homens com os destinos do mundo na mão. Que vão tomar decisões. Boas e más. Honestos? Desonestos? Com princípios ou sem eles.
E nós, homens de hoje, nessa altura de ontem, já velhos, vamos depender daquilo que decidiram. E certamente pensar, afinal podia ter feito alguma coisa. Lembrei-me de escrever sobre a Verdade. Sobre o fantástico título deste jornal. Palavra e princípio que tratamos tão mal. Que nos esquecemos tantas vezes praticar. E que em vez de nos lamentarmos com a falta dela no mundo em geral, podemos começar por procurá-la em casa. E obrigá-la a estar presente. Todos os dias. E acreditar que assim se muda o mundo de amanhã. Vou tentar fazer a minha parte.