O governo venezuelano disse, Sexta-feira (12), que desbaratou um plano que pretendia desestabilizar as eleições presidenciais de Domingo, mas a oposição diz que essa denúncia – semelhante a várias outras nas últimas semanas – procura apenas distrair o eleitorado dos problemas nacionais.
O vice-presidente interino Jorge Arreaza foi à TV anunciar que dois colombianos foram presos a tentarem se fazer passar por militares venezuelanos e a organizarem acções não especificadas para perturbar o pleito.
Ao lado de militares de alta patente, Arreaza – genro do falecido presidente Hugo Chávez – mostrou fotos dos dois suspeitos, e também cerca de 50 cartuchos de munição e explosivos que, segundo ele, pertenciam a um grupo de mercenários salvadorenhos anteriormente acusados pelo governo venezuelano de planear a morte do presidente interino Nicolás Maduro, favorito para vencer as eleições.
As eleições de 14 de Abril foram convocadas depois da morte do socialista Chávez, que governou o país durante 14 anos e morreu a 5 de Março, de cancro.
Arreaza disse que os colombianos pretendiam “influenciar as eleições e o período pós-eleitoral”. A descoberta do plano, afirmou, “é uma notícia maravilhosa, porque significa que podemos todos votar em paz no Domingo”. Em Março, Maduro havia dito que as autoridades dos EUA organizavam o assassinato do candidato oposicionista Henrique Capriles, o que serviria de pretexto para promover um golpe de Estado – acusação que Washington rejeitou categoricamente.
Em seguida, surgiram as denúncias de que os mercenários salvadorenhos estariam a preparar um atentado contra Maduro e sabotagens eléctricas. A campanha de Capriles, por sua vez, acusa o governo de preparar uma cilada contra dirigentes da oposição, plantando armas e explosivos para justificar a prisão deles antes das eleições.
Denúncias desse tipo tornaram-se comuns na política venezuelana desde que Chávez ascendeu ao poder e deu início a uma “revolução socialista”. O próprio Chávez dizia com frequência ser alvo de tramas assassinas, e Maduro chegou a acusar os EUA de inocularem o cancro que matou o líder.
A maioria das pesquisas indica uma ampla vantagem de Maduro sobre Capriles, mas alguns levantamentos mostram uma redução na vantagem do candidato chavista, e uma delas, feita pelo instituto Datanalisis e divulgada por vários bancos, Quinta-feira, coloca a vantagem de Maduro em apenas 7 pontos.
As pesquisas na Venezuela, no entanto, são notoriamente divergentes e pouco confiáveis, e a sua divulgação dentro do país está proibida no actual período pré-eleitoral.