Crentes da Igreja Católica na cidade de Nampula estão preocupados com o comportamento dos seus dirigentes, devido a uma alegada venda de terra pertencente à Igreja Católica em Nampula a terceiros, sem respeitar as regras internas, que consistem na consulta dos seus crentes. O caso mais recente está ligado à venda duma parte de terra do seminário Mater Apostolorom de Nampula, localizado na zona da Nampaco, na cidade de Nampula, à empresa África Petroleum, Lda, para dar lugar à construção duma bomba de combustível, cujas obras estão em fase de acabamentos.
De acordo com os crentes daquela congregação religiosa, a decisão da venda de parte de terra do seminário maior em Nampula não foi tomada mediante um consenso entre os sacerdotes e os fiéis. Supõe-se que o negócio envolve alguns padres, a mando do arcebispo Don Tomé Makueliha, cujo valor terá beneficiado um punhado de dirigentes daquela igreja.
Alguns anciãos que denunciaram este caso ao nosso Jornal, dizem que facto curioso é que antes do negócio ter sido consumado entre as partes, o empresário e proprietário da África Petroleum teria manifestado junto da direcção da Igreja a pretensão de comprar o local, mas depois dum encontro entre os superiores da Igreja Católica em Nampula, a proposta foi chumbada. Volvido algum tempo, viu-se o processo de limpeza e vedação do mesmo.
“Fomos ao local consultar sobre o assunto, os homens da obra negaram explicar o que estava a acontecer em relação ao negócio do espaço, mas confessaram que tudo teria sido feito entre o empresário que é proprietário da empresa e alguns padres”, contou-nos um dos fiéis daquela religião. Aliás, o negócio da venda do referido espaço foi consumado no ano de 2010, daí que, em 2011, arrancaram as obras de construção da mencionada bomba de abastecimento de combustível.
“Exigimos que os responsáveis da Igreja nos coloquem a par do que estava a acontecer, mas ninguém quer esclarecer o assunto, o que nos põe a concluir tratar-se dum negócio que foi realizado para fins pessoais, e o dinheiro não entrou nos cofres da Igreja”, disse agastado um dos anciãos.
Por outro lado, circulam informações segundo as quais o mesmo grupo que liderou a venda do espaço do seminário menor em Nampula está, igualmente, a preparar outro negócio de venda de mais um espaço da Igreja Católica. Trata-se do local onde funciona a Rádio Encontro, emissora católica de Nampula. O espaço faz parte do património da Igreja Católica a nível daquela região.
“Há uma proposta apresentada por um empresário renomado da praça em que se prevê um aproveitamento do espaço onde funciona o estúdio principal da Rádio Encontro. Será construído um prédio para o funcionamento da rádio e nos outros compartimentos estarão a funcionar lojas, escritórios a título de arrendamento, dentre outras funções. Não estamos a contestar o projecto, porém, estamos agastados com a forma como o assunto está a ser tratado porque não está a obedecer às regras pré- -definidas pela nossa congregação, facto que nos leva a pensar que o valor a ser desembolsado terá um destino desconhecido pelos crentes, à semelhança do espaço do seminário menor”, disse-nos um entrevistado.
O nosso interlocutor referiu ainda que o caso está a ser tratado num fórum próprio e na devida altura todos os crentes serão esclarecidos em relação ao assunto. Entretanto, contactado pelo @Verdade, o Padre Muluta escusou-se a avançar algum dado sobre este caso que está a ser bastante mediático, pese embora seja considerado um problema interno. O sacerdote aconselha- nos a contactar o chefe máximo da Igreja Católica em Nampula, o arcebispo Don Tomé Makueliha, mas, pela burocracia montada internamente, não foi possível este contacto, tendo redundado em fracasso.
Aliás, o Padre Muluta, um dos responsáveis máximos da Arquidiocese de Nampula, mesmo sem confirmar algo em torno da venda de espaços daquela congregação religiosa, disse não ver algum mal no negócio, porque se trata de um terreno da Igreja Católica. Esta dispõe de muitos talhões e uma da forma de inverter este cenário é o seu aproveitamento cedendo-os a indivíduos que tenham planos para desenvolver projectos na cidade de Nampula. “Mas qual é o vosso interesse nisso?” concluiu.
Refira-se que as obras de construção das bombas de petróleo da empresa África Patroleum, Lda, uma autoconstrução, sob licença de construção 25824, com o processo 16440/DCU/20, no terreno em causa, iniciaram em Agosto de 2001 e o término estava previsto para Agosto de 2013.
