A Vale anunciou, Terça-feira, em conferência de imprensa, na cidade da Beira, a concretização, quarta-feira, da primeira exportação da Mina Carvão Moatize – como o empreendimento é oficialmente designado –, na província de Tete, centro do país.
Trata-se de 35 mil toneladas de carvão térmico extraído da referida mina operada pela Vale que deve deixar esta tarde o Porto da Beira, a bordo do navio Orion Express, tendo como destino Dubai, nos Emiratos Árabes Unidos, continente asiático.
Falando à imprensa, Terça-feira, na cidade da Beira, o Director de Operações da Vale – Moatize, Paulo Horta, referiu a concretização da exportação do primeiro produto da Mina Carvão Moatize marca o fim da primeira fase de implantação do empreendimento e, consequentemente, a firma passa a ser uma influente operadora e exportadora do mercado moçambicano.
Paulo Horta referiu-se ao historial da presença da Vale em Moçambique, recordando desde o processo de selecção pelo governo moçambicano da multinacional brasileira para operar a Mina Carvão Moatize, em 2004; o desenvolvimento de estudos técnicos e económicos que começaram em 2004 até 2007, ano em que o projecto foi apresentado as autoridades nacionais tendo sido aprovado no mesmo período, para em 2008 se iniciar a implantação física do empreendimento, orçado em 1.6 biliões de dólares americanos, voltado para a produção de carvão térmico (usado para geração de energia) e metalúrgico (destinado a indústria siderúrgica).
Horta indicou que o projecto tem capacidade nominal de produção de 11 milhões de toneladas dos dois tipos de carvão por ano quando atingir a fase plena de execução.
“Este projecto foi construído entre 2008 e 2011 está ainda em fase final de conclusão, sendo que a operação de produção do carvão iniciou no mês passado (Agosto) ainda em carácter experimental, com uma produção pequena, mas que já nos permite fazer o primeiro embarque agora” – afirmou visivelmente emocionado o Director de Operações da Vale – Moatize. No entanto, esta manhã
Segundo escreve, O Autarca apurou da última leitura do calado do porão do navio faltava ainda embarcar cerca de seiscentas toneladas, uma operação que podia ser concluída a qualquer momento, mas condicionava a saída da embarcação do cais na maré das 15:00 horas ou então na maré das 04:00 de amanhã. Portanto, a saída do navio do Porto da Beira não está taxativamente definido para esta tarde.
Avaliação do primeiro embarque ainda por concluir
Questionado pelo nosso jornal sobre a avaliação que a Vale faz da primeira operação de embarque do carvão no Porto da Beira, Paulo Horta afirmou ser ainda prematuro.
Sabe-se, entretanto, esta primeira operação do embarque do carvão marcou também o reinício da circulação de vários comboios transportando o minério através da Linha-Férrea de Sena, acabada de ser reconstruída, numa extensão de 575 quilómetros.
Há 28 anos que um comboio não cumpria essa missão na Linha de Sena. Paulo Horta reconheceu tratase de uma linha que carece ainda de alguns reparos e melhorias para que se possa atingir a capacidade plena, considerando são dificuldades naturais numa operação que está iniciando.
“São equipamentos novos, são maquinistas e operadores que estão ainda conhecendo a linha, estão conhecendo as máquinas, ou seja, estamos num período de uma operação conhecida como curva de aprendizagem”.
A fonte sublinhou todo projecto de grande porte desta natureza tem um estágio inicial, onde os equipamentos e as pessoas vão se familiarizando simultaneamente e a produtividade vai crescendo na medida em que o tempo passa. Revelou, entretanto, o registo de descarrilamentos de pequeno porte na cidade da Beira.
Paralelamente, importa salientar esse primeiro embarque a muito esperado serviu também para testar a capacidade da operadora do Porto da Beira, nomeadamente a Cornelder de Moçambique, que dirigiu toda operação de manuseamento do carvão num cais alternativo e usando equipamentos improvisados.
Ainda estiveram directamente envolvidos nesta operação duas outras empresas da praça, nomeadamente a Mocargo que agenciou a carga e a LBH Group Mozambique que fez o agenciamento do navio.
Em relação a Cornelder de Moçambique não há dúvidas enquanto concessionária do Porto da Beira o contrato para o manuseamento do carvão da Vale está assegurado, mas o mesmo já não se pode afirmar em relação a Mocargo e a LBH Gruop Mozambique.
O Director de Operações da Vale – Moatize, Paulo Horta, referiu em relação a estas últimas duas empresas o seu desempenho ainda será sujeito a avaliação para determinar se renovam ou não os contratos celebrados, nomeadamente para o agenciamento da carga e do navio respectivamente.
Próxima exportação entre finais de Setembro e princípios de Outubro
Ainda questionado pelo nosso jornal, terminado o primeiro embarque para quando o segundo, o Director de Operações da Vale – Moatize anunciou a intenção da mineradora brasileira é fazer o segundo embarque a partir de finais de Setembro corrente ou princípios do próximo mês de Outubro. Contudo, acautelou que isso depende da nomeação do navio.
“Quando você vende um produto como é o carvão ou o minério de ferro, em qualquer parte do mundo, o cliente contrata o navio e esse processo leva um intervalo de tempo. Esperamos que esse espaço de tempo seja breve para permitir o segundo embarque acontece nos períodos previstos”.
A acontecer nestas datas, o segundo carregamento será igualmente feito num cais alternativo e com recurso a equipamentos improvisados, o que torna as operações de manuseamento bastante demoradas.
Esta situação suscitou o interesse do nosso jornal saber quando o carvão começa a embarcar no cais número oito, definido pelas autoridades portuárias da Beira para o manuseamento do minério, tendo a fonte revêlado, de acordo com o cronograma do projecto, espera-se esteja pronto para operar até finais de Novembro deste ano.
O cais número oito é que vai servir o terminal temporário de carvão que está sendo construído de raiz com financiamentos das mineradoras brasileira Vale e australiana Riversdale, ambas com grandes concessões para exploração de carvão mineral em Moatize, na província de Tete.
O activo decorrente do financiamento será transferido para a Empresa Pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM-EP) e vai ser operado pela Cornelder.
A previsão é quando a construção do terminal estiver concluído alcance a capacidade de manuseamento de cinco a seis milhões de toneladas de carvão a partir de 2012.
Uma vez nas suas operações de exportação do produto da Mina Carvão Moatize a Vale inevitavelmente depende dos operadores da Linha-Férrea de Sena e do Porto da Beira, respectivamente as empresas CCFB e Cornelder de Moçambique, O Autarca questionou a Paulo Hortas sobre o estado da relação entre a sua empresa e as duas concessionárias dos CFM, tendo afirmado “somos clientes da Cornelder e da CCFB, existem negociações normais, não temos nenhum problema com eles”.
Demora do navio Orion Express
A demora que o navio Orion Express levou para atracar no cais e iniciar o embarque do primeiro produto da Mina Carvão Moatize foi outra matéria abordada pelo nosso jornal na referida conferência de imprensa.
Paulo Horta reconheceu, evidentemente, não é desejável um navio esperar tanto tempo como foi o caso do Orion Express, mas observou que essa situação pode acontecer. Horta mencionou uma série de factores para justificar a demora que o Orion Express levou para atracar no cais e iniciar o embarque do carvão.
Entre eles, disse tem de se ter em conta que se tratou do primeiro navio, tratou-se da primeira produção, também tratou-se da fase inicial de testagem da consistência da via ferroviária usada de Moatize até o Porto da Beira e ainda a própria fila de navios, tendo em conta que a regra de entrada confere direito a quem chega primeiro.
“Portanto, foi uma sequência de factores que obrigaram essa aparente demora. Mas, tirando esses atrasos iniciais, uma situação de esperar na fila uma semana ou mais para entrar no porto não é uma coisa para assustar” – concluiu o Director de Operações da Vale – Moatize, Paulo Hortas.