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Vacina contra malária mais próxima da realidade

A concretização dos resultados da 3/a fase de estudos da vacina contra a malária, ora iniciada no país, aumenta as esperanças de ver o produto disponível à comercialização no mercado dentro dos próximos cinco a seis anos.

A convicção foi expressa esta sexta-feira, no distrito da Manhiça (80 quilómetros a norte da capital moçambicana), na cerimónia de lançamento oficial da 3/a fase da vacina contra a malária, que vai envolver, no país, um total de 1700 crianças durante 18 meses. Os ensaios da 3/a fase da vacina contra a malária serão feitos em duas etapas. A primeira, envolvendo um universo de mil crianças, será em bebés com seis a 12 semanas de vida, enquanto que o segundo grupo (700 crianças) é composto por petizes de cinco a 17 meses de idade.

As inoculações do estudo serão administradas no Centro de Saúde de Mavalane, no Posto Administrativo 3 de Fevereiro, coordenadas pelos cientistas do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), com vista a apurar a eficácia e segurança imunológica do candidato mais avançado contra a malária, denominado RTS,S. Assim, espera-se que nos próximos meses, os outros centros de países africanos, partes do estudo da vacina, no Burkina Faso, Gabão, Gana, Malawi, Quénia, Tanzânia, arranquem com os seus estudos para permitir que se tenha dados suficientes, passo determinante rumo ao acesso às medidas reguladoras para o registo.

Pascoal Mocumbi, Presidente da Fundação Manhiça e Alto Representante da Parceria para Ensaios Clínicos nos Países Europeus e em Desenvolvimento (EDCTP), disse que a consumação dos estudos em curso será um marco histórico que vai garantir a protecção das crianças africanas. Eusébio Macete, director do CISM, disse, por seu turno, que o lançamento da 3/a fase da vacina contra a malária na localidade de Malavele constitui um verdadeiro mérito não só para a comunidade, mas também para o país que está envolvido neste grande movimento.

Segundo Macete, os resultados da vacina, que após a concretização será pediátrica, têm uma eficácia estimada em 65 por cento em crianças recém-nascidas, contra apenas 30 por cento em episódios clínicos da doença, segundo os dados apresentados em 2007. “Quando publicamos os primeiros resultados em 2007 tínhamos concluído que nenhuma outra vacina havia conseguido provar que nas crianças recémnascidas, o alvo final deste trabalho, não havia problema” ‘, disse Macete.

Aliás, os resultados conseguidos entre 2002/07 que mostravam que além da eficácia vista contra os episódios clínicos que é de 30 por cento, nos recém-nascidos, já em 2007, os estudos mostraram que a eficácia aumenta para 65 por cento. Apesar de ter sido um pequeno estudo, a entrada de centros de outros países envolvidos como o Quénia e a Tanzânia comprovou que nos recémnascidos a eficácia do produto era superior a 30 por cento, chegando a atingir 65 por cento.

“Hoje estamos a mostrar que os resultados vistos quer na Gambia, quer em voluntários americanos, quer outros estudos feitos antes no país, quando o produto é administrado a uma larga população, tanto em Moçambique quanto no continente africano, os resultados mantém-se”, explicou o director do centro.

Assim, espera-se que a primeira geração da vacina venha a ter pelo menos 30 a 50 por cento de eficácia. Contudo, os trabalhos deverão continuar para aumentar a eficácia, de maneira a que se houvesse uma segunda geração a eficácia estivesse na ordem dos 60 a 80 por cento. Os resultados finais são os que serão submetidos às autoridades reguladoras deste ramo como Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência Europeia de Medicamentos para fazer o registo do produto, para que ele possa ser autorizado à comercialização.

A cerimónia de lançamento da 3ª fase da vacina contra a malária contou com a presença de altos quadros da saúde, os residentes da localidade de Malavele que, para abrilhantar a ocasião, entoaram alguns números do seu reportório cultural cuja tónica dominante era a malária e os cuidados a tomar.

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