Para chegar até Sathunjira, o quartel-general do líder da Renamo, no posto administrativo de Vunduzi, na província central de Sofala, é preciso passar por quatro cancelas. A primeira pertence à Polícia moçambicana e o exército nacional, e as restantes três ao partido Renamo.
À entrada, a impressão é de que se está a chegar a uma região de grande risco, mas, após um percurso de, pelo menos, 10 quilómetros a realidade é outra. A população leva uma vida tranquila e pacata. A presença dos militares da FADM e os homens da Renamo não parece intimidar os moradores daquela região. Os habitantes, que vivem exclusivamente à base da agricultura de subsistência, continuam a dedicar-se às actividades agrícolas e ao comércio informal sem sobressaltos. A zona é um potencial produtor de mapira e milho.
Afonso Dhlakama não vive isolado como se pode imaginar e, em volta do seu “quartel-general”, existe um pequeno povoado que parece ignorar a sua presença. A zona é fortemente protegida pela segurança pessoal do líder da Renamo. Num primeiro contacto, a ideia é que a sua milícia não passa de uma centena, mas na hora da refeição o número de pessoas cresce subitamente. Diversas panelas enormes de comida e uma fila quase interminável de homens revelam que, na verdade, ele é protegido por um exército.
“Nunca pedimos comida à população, pelo contrário, às vezes, somos nós que vamos oferecer a eles. Temos machambas, eu pessoalmente tenho uma pequena empresa e vendo pedras semi-preciosas”, respondeu Dhalakama quando questionado sobre onde arranjava dinheiro para alimentar aquele numeroso grupo de pessoas.